quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Aspectos técnicos da focagem (continuação)

A profundidade de campo é a distância até à qual o objecto se mantém nítido, que vai desde algumas dezenas de centímetros até ao infinito. Depende da abertura e do plano focal, i. e. da distância da lente em relação ao objecto. A profundidade de campo pode variar conforme a intenção do fotógrafo, o que a torna num instrumento criativo utilizado com enorme frequência.
De uma maneira geral, a profundidade de campo pode ser longa ou curta. A profundidade longa é obtida seleccionando aberturas pequenas (a que correspondem números f elevados) e um plano focal distante do objecto. Esta configuração é a adequada para que a imagem se mantenha nítida desde o plano mais próximo ao mais distante, como acontece na fotografia de paisagem, na qual se requer que toda a imagem surja nítida, i. e. focada.
Inversamente, pode ser intenção do fotógrafo conseguir um primeiro plano completamente nítido e um fundo desfocado. Este efeito é desejável em retratos e fotografia da natureza, nos quais é importante concentrar o olhar de quem vê a imagem na figura retratada, usando a desfocagem para diluir o fundo de modo a que este não compita com o objecto para atrair a atenção de quem vê. Neste caso usa-se um valor f reduzido e uma distância curta entre o objecto e a lente. Esta forma de fotografar tem particular interesse no modo macro, em que se pretende ampliar um pormenor e impedir que outros elementos da imagem desviem a atenção.
No fundo, quando rodamos o anel de focagem (ou quando a câmara acciona o motor da lente depois de escolhermos o ponto de focagem), estamos a seleccionar a profundidade de campo: estamos a escolher um plano em que a nitidez incida sobre o objecto que pretendemos. Contudo, há que ter sempre presente que a focagem depende também da abertura, e que ambos funcionam numa relação de interdependência para obter a focagem desejada.
As lentes com zoom introduzem um novo elemento na focagem: a distância focal variável. Contudo, os princípios referidos também são válidos com estas lentes, cuja diferença em relação às prime consiste na possibilidade de alterar o plano focal sem que o fotógrafo e a câmara se desloquem. Também há que ter em atenção, quanto às teleobjectivas, que a focagem pode tornar-se problemática pela dificuldade em segurar com firmeza uma câmara equipada com uma destas lentes, dado o seu peso e tamanho - mesmo quando se usa a focagem automática -, e que estas lentes têm, em regra, aberturas mínimas mais elevadas que as de distância focal fixa. Além do mais, as teleobjectivas tendem a ter profundidades de campo diminutas, obrigando, quando se pretende focar motivos longínquos, ao uso de aberturas estreitas que terão de ser compensadas com velocidades de disparo lentas. E obter uma focagem precisa torna-se extremamente difícil nestas condições, uma vez que as velocidades de disparo menores aumentam o risco de se obter imagens tremidas.
Há outras possibilidades de focagem para além das duas referidas inicialmente: com o recurso a uma teleobjectiva, podemos obter uma focagem selectiva em que um objecto a meio da distância entre o plano focal e o infinito surja nítido, e os planos mais próximo e mais distante surjam desfocados. Tal como podemos, se aproximarmos a lente do objecto com uma abertura estreita, obter o efeito inverso do primeiro - um primeiro plano desfocado e um segundo plano nítido. Tudo depende da nossa imaginação - mas também da compreensão dos valores de que a focagem depende. Accionar um modo denominado «Macro» na câmara pode ser prático, mas não chega perto do que se pode obter quando se joga conscientemente com os valores da abertura e com a profundidade de campo, nem substitui o conhecimento, mesmo que elementar, das técnicas fotográficas.

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