Vimos, no texto anterior, que a exposição pode ser determinada pela câmara, mas a intervenção do fotógrafo é fundamental para que a fotografia corresponda melhor à sua intenção. Contudo, os modos de exposição avançados (PASM) não servem apenas para que o fotógrafo determine a exposição, como veremos melhor em textos posteriores; servem também para adequar a captação de luz a determinadas condições especiais.
Dos modos de exposição avançados, o mais simples de utilizar é o P. Já vimos que esta é a inicial de Programme («Programa»), fórmula abreviada para exposição automática programada. Este é o meu conselho n.º 3: quando começarem a fotografar com uma câmara evoluída, escolham sempre este modo. Esqueçam o AUTO e os modos pré-determinados de exposição: estes nem sempre produzem os efeitos anunciados, e é possível obter resultados melhores - muito melhores - nos modos de exposição avançados. A primeira coisa que devemos fazer, depois de ligar a câmara, é rodar o selector para o modo P. Este é o primeiro degrau da escada que leva ao domínio das técnicas fotográficas.
O modo de exposição automática programada significa que a câmara, através do fotómetro, vai determinar automaticamente os valores da exposição, regulando a abertura e a velocidade do disparo de acordo com a luz captada pelo sensor através da lente. O fotógrafo não tem de se preocupar com a regulação destes valores, o que o torna ideal para começar - desde que o fotógrafo o encare como o primeiro passo na compreensão da câmara, que lhe permite ir treinando as suas aptidões fotográficas, e não como um modo que torna os demais desnecessários. Com efeito, no modo P já é possível obter imagens de grande qualidade, pelo que o fotógrafo pode entender que não necessita de evoluir para os outros modos de exposição, mas pensar assim é um erro porque é possível fazer ainda melhor.
O modo P difere do automático (AUTO) por, apesar de a exposição ser definida automaticamente, permitir o acesso a três comandos importantes que influem na qualidade da imagem: a compensação de exposição, o equilíbrio de brancos e a sensibilidade ISO.
Quem leu os textos anteriores com atenção lembra-se, certamente, das noções de exposição referidas anteriormente. A exposição refere-se à quantidade e às características da luz captada pela câmara, dizendo-se, de uma fotografia demasiado clara - i. e. com excesso de luz -, que está sobreexposta, e que está subexposta quando a luz captada é escassa, produzindo uma imagem escurecida.
Embora o fotómetro determine com razoável precisão os parâmetros da exposição, os valores calculados podem não produzir o efeito desejado pelo fotógrafo. Uma exposição que é correcta pela medição do fotómetro pode não ter correspondência com a intenção do fotógrafo. Pode este querer um pouco mais de contraste, ou mais luminosidade. Acresce que a medição da luz é feita por parâmetros matriciais (embora possam ser seleccionados outros modos de medição), pelo que os valores da exposição são calculados de acordo com a forma como a luz se distribui pela imagem, o que pode resultar em fotografias com um contraste deficiente entre zonas de sombra e de luz. É para corrigir estes problemas da exposição que existe a compensação de exposição, que é accionada por um comando assinalado pelo símbolo +/- (ver imagem). A exposição pode ser corrigida em passos de 1 EV (iniciais de Exposure Value) ou fracções de 1/2 ou 1/3 EV: tipicamente, se rodarmos o comando para a esquerda, obteremos uma imagem com menos brilho, mais escura e contrastada, produzindo-se o efeito inverso - mais claridade - quando rodamos o comando para a direita. (Nalgumas câmaras a compensação de exposição é accionada por um comando circular, noutras por botões.) Normalmente basta 1/2 ou 1/3 EV para se obter o resultado pretendido, a menos que se pretendam imagens muito low-key ou banhadas em luz. Note-se, porém, que a compensação de exposição age sobre toda a imagem, não servindo para corrigir contrastes excessivos entre luz e sombra: para corrigir isto tem de se usar uma função avançada, que é a do controlo do modo de medição.
O equilíbrio dos brancos (WB - White Balance) serve para adaptar a tonalidade da imagem a diferentes condições de luminosidade. O branco é a fundação das cores - ou, mais correctamente, a soma de todas elas -, e a forma como a luz afecta a sua tonalidade determina a das demais cores e a tonalidade geral da imagem. O branco, tal como as demais cores, não tem a mesma tonalidade debaixo de diferentes condições de luz: as cores que a câmara capta não são idênticas debaixo da luz solar ou dentro de um quarto iluminado por uma lâmpada de tungsténio. O equilíbrio dos brancos ajusta as cores às condições de luz, modificando os valores Kelvin de temperatura da cor e adaptando a exposição em conformidade. A câmara oferece valores Kelvin pré-definidos para diferentes condições de luz: Luz Solar, Nublado, Sombra, Tungsténio, Fosforescente (incluindo diferentes regulações) e Flash. O equilíbrio dos brancos pode ser deixado ao critério da câmara, deixando em «auto», ou pode ser configurado pelo próprio fotógrafo, mas esta última possibilidade já implica conhecimentos extremamente avançados e o uso de acessórios que tocam o esoterismo...
Exemplo de ruído na imagem |
O modo P ainda não é aquele em que o fotógrafo assume o comando, mas deixa-lhe a possibilidade de regular parâmetros importantes da exposição. Como mencionei, é este - e não o modo totalmente automático AUTO - com que se deve começar a fotografar.
Sem comentários:
Enviar um comentário