Hoje resolvi fazer um teste para verificar, na prática, se a minha intuição estava correcta quando comprei a lente de 28mm. Já referi que tinha um intervalo entre a distância focal de 17mm da Pancake e os 40mm da lente zoom, pelo que precisava de algo que se colocasse no meio desse hiato. Como 40-17=23, a distância focal seria 17+(23:2)=x, ou 40-(23:2)=x. O resultado é de 28,5, pelo que a G.Zuiko encaixa, na teoria, no meio das duas outras lentes. Corresponderia isto, na prática, a um tamanho da imagem que se situasse no meio de ambas?
Com a M.Zuiko 17mm |
Com a G.Zuiko 28mm |
Com a M.Zuiko 40-150mm (na distância focal mínima) |
Estas fotos do local de onde escrevo estas linhas, tiradas sem preocupações estéticas, com um tripé e todas à mesma distância, com aberturas e velocidades de disparo equivalentes, mostram que os meus cálculos estavam correctos. E mostram também que, apesar de ser mais entusiasmante e divertido fotografar com uma lente de focagem manual, as lentes da era digital não são exactamente inferiores (aliás, pelas fotos não se consegue aferir da diferença de concepção entre as lentes). Depois de tanto ter escrito sobre a 28mm, é tempo de fazer justiça às outras lentes.
A Pancake é uma maravilha. O facto de ser minúscula significa que é também leve, o que permite suprimir um dos grandes defeitos do corpo que uso actualmente - a sua falta de ergonomia. Em termos fotográficos, é uma lente rápida, cuja luminosidade - a abertura máxima é f2.8 - permite usá-la em condições de luz escassa com velocidades de disparo relativamente altas. A focagem automática, com esta lente, é muito rápida, sendo notório que o obstáculo a uma maior rapidez é a câmara, e não a lente. A nitidez mantém-se consistente ao longo da imagem, embora, como todas as grande-angulares, seja notório um ligeiro escurecimento dos cantos da fotografia - o que até pode ser aproveitado como efeito estético. A sensibilidade à luz significa que devem ser tomados alguns cuidados quando se fotografa a contra-luz, e existem algumas aberrações cromáticas, vistas sob a forma de franjas violeta e vermelhas nos objectos - mas também é verdade que estas aberrações apenas estorvam em grandes ampliações.
Por ser uma grande-angular, esta lente cria uma diagonalização muito acentuada das linhas verticais, o que confere à imagem uma extraordinária impressão de profundidade que, juntamente com a consistência da focagem, a torna ideal para fotografar paisagens e confere tensão dinâmica às fotografias de objectos estáticos como edifícios.
A 40-150 é outro tipo de animal. Com ela temos a impressão de ter uma lente a sério entre as mãos, o que pode ser intimidante para um caloiro como eu: é como se sentássemos um piloto da Fórmula Renault 2.0 ao volante de um Fórmula 1 (a menos que esse piloto se chamasse Kimi Räikkönen...). Antes de mais, convém dizer que esta lente, apesar do tamanho avantajado, que confere ao conjunto lente-corpo um ar de proboscídeo (embora resulte mais bem proporcionado que as grotescas Sony NEX), é muito mais pequena do que seria uma lente de distância focal equivalente concebida para sensores baseados no formato 35mm. As lentes para o formato micro 4/3 são especificamente concebidas e optimizadas para funcionar com um sensor 4/3, que é menor em área que os sensores APS-C, APS-H e full-frame, pelo que é uma lente pequena comparada com a concorrência, mas ainda assim bastante grande. Se me refiro ao tamanho é porque este tem implicações importantes no manuseamento: é uma lente que se torna difícil de estabilizar sem recurso a um tripé, uma vez que é fácil obter imagens desfocadas pelo tremor das mãos do fotógrafo. O facto de compor a imagem através do ecrã, e não de um visor, também não ajuda.
O outro problema da 40-150 é ser lenta. A abertura mínima é de f4.0 a 40mm e f5.6 a 150mm, o que significa que, para ter uma luminosidade equivalente à da Pancake, tenho de reduzir a velocidade do disparo - o que traz de novo o problema da dificuldade de focar correctamente, uma vez que velocidades de disparo diminutas aumentam o tempo de exposição e, consequentemente, o risco de imagens tremidas.
A 40-150 é uma teleobjectiva que, como todos os membros desta família, apresenta as características de compressão da perspectiva nos planos da largura e da profundidade, profundidade de campo reduzida e impossibilidade de obter focagens consistentes em toda a fotografia (o que é uma consequência da escassa profundidade de campo e do valor elevado da abertura). É, por estes motivos, uma lente muito mais especializada que as primes, já que serve, antes de mais, para obter planos ampliados de motivos distantes.
À parte estes problemas, a 40-150 é espectacular. Quando usada correctamente e dentro das suas especificidades, é capaz de uma resolução extraordinária, com cores muito saturadas e vivas (embora não tanto como as da 28mm) e tem um alcance fenomenal. Afinal de contas, tem uma distância focal máxima equivalente a 300mm, o que não é coisa pouca! Além disso, dada a sua profundidade de campo reduzida, é muito fácil obter um bom bokeh com ela. Embora não me dedique a esse tipo de fotografia, deve ser uma lente excepcional para retratos. E, apesar das dificuldades ergonómicas, é uma lente com um funcionamento mecânico irrepreensível: os anéis de zoom e de focagem respondem bem e são extremamente precisos.
Neste momento tenho todas as necessidades preenchidas no que respeita a distâncias focais. Só se me dedicar à fotografia ornitológica é que poderei sentir vontade de adquirir uma superzoom, mas duvido que isso venha a acontecer - a despeito da riqueza da fauna avícola do estuário do Douro...
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