Foi há um ano que comecei a fotografar. No dia 31 de Julho de 2010 fui a uma grande superfície e comprei uma câmara compacta, a Canon Power Shot A3150is, que hoje, e desde Maio deste ano, está nas mãos do meu sobrinho-do-meio. Antes desta data, as minhas experiências fotográficas limitaram-se a umas fotografias tiradas, ainda adolescente, com aquilo que era, no entender da Agfa, uma câmara portátil - um aparelho retráctil, de plástico, que avariou ao fim de poucas semanas e me levou a acreditar que nunca poderia tornar-me num fotógrafo - e a uma série de fotografias tiradas, já em 2006, com uma Canon Ixus emprestada por uma amiga. Os elogios que recebi por estas fotografias, tiradas durante um daqueles passeios pelo Porto com o excelente Júlio Couto como cicerone, fizeram-me perceber que os meus receios de nunca vir a tirar boas fotografias eram, afinal, infundados - mas a aquisição de uma câmara teve de esperar pela melhoria da situação patrimonial, que só se verificou quatro anos mais tarde.
Entretanto conheci Fernando Aroso, como já relatei aqui. Ter conhecido este grande fotógrafo despertou-me a vontade de fotografar e tornou a aquisição de uma máquina fotográfica numa prioridade. Comprei a minha primeira câmara mais ou menos a sério dois meses mais tarde.
Podia dizer que as minhas primeiras fotografias foram um desastre, mas não foram. Pelo contrário, descobri que, através da fotografia, podia dar rédea solta ao meu sentido estético. Embora ainda hoje não possa ser considerado muito original nos temas que escolho e nos enquadramentos que uso, não demorei muito a tirar fotografias de qualidade aceitável. Foi como se tivesse descoberto uma vocação de que não suspeitava.
Não demorei muito, porém, a compreender que a própria câmara era uma limitação. A despeito de não ter quaisquer conhecimentos técnicos de fotografia, o produto final nem sempre era do meu agrado. Mesmo quando me sentia satisfeito com a estética, a composição e o enquadramento das fotografias que ia fazendo, havia sempre motivos de frustração que não tardei a descobrir serem atribuíveis à câmara. Antes de mais, os níveis horrendos de ruído, como pode ser verificado nesta fotografia (que já foi tratada com a redução de ruído do Olympus Viewer 2!):
O outro problema era a distorção da imagem quando usava distâncias focais curtas. Nestas distâncias, típicas das grande-angulares, as linhas verticais surgem sempre diagonalizadas, mas a Canon tornava-as curvas. Esta distorção tornou-se-me de tal maneira intolerável que senti necessidade de mudar para uma câmara melhor logo dois meses após a aquisição. Compreendam-me, pois, por alinhar entre os que entendem que o equipamento é fundamental.
Outras limitações da Canon eram a sua baixa resolução - mesmo na qualidade máxima -, um zoom muito deficiente que prejudicava a focagem nas distâncias focais mais elevadas, um nível de aberrações cromáticas que ia muito para além do tolerável e a completa impossibilidade de regular a exposição como queria. Apesar de ter uma posição P, com a qual comecei a fotografar logo no segundo dia, apenas tinha acesso à regulação da compensação da exposição, ao equilíbrio dos brancos e ao ISO (que bem podia não existir: era inútil - mesmo com o ISO mais baixo as fotos eram inconcebivelmente ruidosas).
Decidi concentrar-me em aspectos como o enquadramento, a composição e, sobretudo, o conteúdo da fotografia. Já que era impossível tirar fotografias tecnicamente boas, procurei que ao menos fossem interessantes. Não sei se consegui - mas serviu para treinar os aspectos estéticos da fotografia enquanto não conseguia adquirir uma câmara decente.
Apesar de todas as limitações, ter uma câmara, ainda que modesta, abriu-me as portas para o enorme prazer de fotografar. É um hobby, claro, e nunca será mais que isso. Não conto tornar-me num fotógrafo profissional. Mas é um hobby enriquecedor e recompensador como poucos.
Como um pescador que sonha com canas de fibra de carbono e carretos Mitchell, ou um audiófilo que aspira a ter um amplificador Conrad-Johnson, também eu despendi dias da minha vida a imaginar o que poderia fazer se tivesse uma câmara melhor. Em Setembro do ano passado dei por mim a considerar as hipóteses que tinha: deveria comprar uma reflex? Mas porquê, se aquelas câmaras são tão feias e desajeitadas? O que eu queria mesmo era uma rangefinder, como a Minolta S7 do meu pai - mas naquela altura, antes de a FujiFilm X100 aparecer, só as Leicas correspondiam ao meu arquétipo de câmara. Um arquétipo bem caro, diga-se: €5.000,00 só pelo corpo! Felizmente, havia uma câmara que me satisfazia esteticamente e tinha, ao que se dizia na Internet, uma qualidade de imagem mais que aceitável. Era a Olympus E-P1, a primeira PEN digital. Comprei-a, finalmente - quando já havia sido descontinuada - em Abril deste ano. Se a Canon me abriu as portas para o prazer da fotografia, a Olympus derrubou os limites técnicos e permitiu-me avançar como fotógrafo. Ainda não me considero um bom fotógrafo, mas tenho a certeza de que estou no bom caminho.
Isto é o que a Olympus me permite fazer. Tirar uma boa fotografia nestas condições de luz com uma compacta é absolutamente impensável. Se analisar friamente esta fotografia da ponte e da igreja de S. Gonçalo de Amarante, porém (e eu sou o maior e mais severo crítico das minhas próprias fotografias), concluo que tem demasiado ruído e que as cores não são inteiramente convincentes. O que está aqui é o que a câmara tirou, sem qualquer tipo de manipulação. Sei que ainda tenho margem para melhorar - mas sei também que estou a seguir na direcção certa.
Não sei até onde posso levar este meu hobby. É bem possível que o trabalho se venha a sobrepor ao tempo disponível para fotografar, ou que, por qualquer motivo, perca o interesse pela fotografia. Mas, enquanto nenhum destes eventos acontece, vou-me divertindo e aprendendo. E dou uns passeios...!
Como um pescador que sonha com canas de fibra de carbono e carretos Mitchell, ou um audiófilo que aspira a ter um amplificador Conrad-Johnson, também eu despendi dias da minha vida a imaginar o que poderia fazer se tivesse uma câmara melhor. Em Setembro do ano passado dei por mim a considerar as hipóteses que tinha: deveria comprar uma reflex? Mas porquê, se aquelas câmaras são tão feias e desajeitadas? O que eu queria mesmo era uma rangefinder, como a Minolta S7 do meu pai - mas naquela altura, antes de a FujiFilm X100 aparecer, só as Leicas correspondiam ao meu arquétipo de câmara. Um arquétipo bem caro, diga-se: €5.000,00 só pelo corpo! Felizmente, havia uma câmara que me satisfazia esteticamente e tinha, ao que se dizia na Internet, uma qualidade de imagem mais que aceitável. Era a Olympus E-P1, a primeira PEN digital. Comprei-a, finalmente - quando já havia sido descontinuada - em Abril deste ano. Se a Canon me abriu as portas para o prazer da fotografia, a Olympus derrubou os limites técnicos e permitiu-me avançar como fotógrafo. Ainda não me considero um bom fotógrafo, mas tenho a certeza de que estou no bom caminho.
Amarante, 31 de Julho de 2011 |
Não sei até onde posso levar este meu hobby. É bem possível que o trabalho se venha a sobrepor ao tempo disponível para fotografar, ou que, por qualquer motivo, perca o interesse pela fotografia. Mas, enquanto nenhum destes eventos acontece, vou-me divertindo e aprendendo. E dou uns passeios...!
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