terça-feira, 19 de junho de 2012

Um ano de ISO 100

1 
Quase me escapava, no meio do trabalho e de algumas distracções, que foi há exactamente um ano que comecei este blogue. Foi no dia 19 de Junho de 2011 que publiquei o primeiro texto deste blogue. É interessante olhar para trás e ver como as coisas evoluíram; se tiverem paciência, acompanhem-me nesta breve revisitação do passado - um passado que, embora seja uma eternidade nestes tempos em que se vive do imediato, é muito pouco tempo numa perspectiva mais ampla das coisas.
Quando comecei, tinha ainda fresco o entusiasmo de poder usar uma câmara que, ao contrário da que tinha antes, me deixava espaço para fotografar criativamente. Podia (posso) usar modos de exposição avançados e lentes de qualidade. Foi este entusiasmo, e a necessidade que sentia de partilhá-lo, que me impeliu a criar o blogue. Sabia que, por ser um completo desconhecido - a não ser de um grupo estrito de pessoas que viam as fotografias que ia publicando no facebook -, não podia aspirar a ter muitos leitores. Contentava-me por ter um ou dois leitores para cada texto que ia publicando. Isto não me fez abandonar o projecto, mas levou-me a procurar torná-lo o mais interessante possível para os leitores.
Não posso dizer que parece que foi ontem que comecei o ISO 100, porque tal significaria que muito pouco teria acontecido, quer no blogue, quer na minha fotografia, quer ainda na minha vida. Quando releio os primeiros textos publicados, não tenho fresco na memória o que escrevi e as circunstâncias em que o fiz. O que sei é que escrevi muitos disparates nessa altura (e posso confessar que revi alguns subtilmente, sem ninguém se dar conta...), e que hoje teria escrito algumas coisas de maneira diferente. Simplesmente, se fosse a apagar ou a rever o que ficou para trás, perderia um dos objectivos deste blogue - ser o relato de uma aprendizagem. E aprendi bastante, a avaliar pelo que escrevia no início e pelo que sei agora. Ainda não sei tanto como os fotógrafos, quer estes sejam profissionais ou amadores (entendo por fotógrafo aquele que vive, exclusivamente ou não, da fotografia). Ainda me falta muito para atingir esse nível de conhecimento.
Hoje, depois de um ano, estou numa encruzilhada: são muitas as ocasiões em que não consigo escrever textos por não ter nada de novo ou de importante para dizer. Precisava de variar a minha fotografia, de fotografar em lugares e circunstâncias diferentes daquilo que normalmente faço; precisava de usar equipamento diferente do meu, para poder escrever sobre o seu desempenho com mais fundamento. (O conhecimento que tenho de outras câmaras é baseado em experiências curtas e meramente ocasionais.) Gostava muito de escrever ensaios de corpos e de lentes, mas estou certo que tal não deverá acontecer - especialmente num país cujo mercado se circunscreve a duas marcas e a imprensa fotográfica, material ou virtual, está reduzida a uma expressão ínfima.
O que aumentou, ao longo deste ano, foi o número de visitantes do blogue. Claro que nem todos vêm ler o ISO 100 regularmente: alguns - decerto muitos - vêm aqui ter através dos motores de busca. Já veio aqui parar gente que procurava «fotografias legais» (na gíria brasileira) e foi encaminhado para artigos chatíssimos sobre aspectos legais da fotografia! Do mesmo modo, vem ter aqui muita gente que só está à procura de imagens. Apesar de as estatísticas poderem induzir em erro, à data de hoje e à hora que escrevo o ISO 100 já recebeu 16316 visitas. É bem possível que muitas delas tenham vindo aqui para ler os textos, e sei que escrevi alguns que tiveram algum sucesso: os que versavam questões relativas a proibições de fotografar estão entre os mais lidos, o que me enche de orgulho por verificar que estou a escrever para pessoas conscientes e informadas, mas também alguns sobre técnica fotográfica, como o que escrevi sobre congelamento, arrastamento e panning. E é raro o dia em que o número de visitas é inferior a três algarismos.
Se me refiro aos leitores e às estatísticas é porque sempre tive a preocupação de fazer um blogue para os outros, e não algo que fosse determinado por impulsos solipsistas ou por vaidade. Sem leitores, mais valia não escrever. Este blogue não é para mim, é para os leitores. E há que lhes dar o melhor que souber fazer. Há muito que perdi o direito de escrever observações mal fundamentadas, porque os leitores que vêm aqui merecem ter a melhor informação possível. Mas nunca me abstive de exprimir as minhas opiniões, por muito que estas desagradassem a alguém. Hoje em dia, com a intolerância que existe em relação às opiniões alheias, seria mais fácil escrever coisas que agradassem a toda a gente, mas isto seria de um reducionismo que é completamente contrário à minha maneira de ser. Não posso agradar a todos, e não me vou esforçar para o fazer: seria inútil.
Vale a pena continuar? A resposta é um entusiástico sim. Porque tenho leitores que o merecem. A estes o meu obrigado por acompanharem o ISO 100.

2 comentários:

Anónimo disse...

parabéns!

OLM

grouchomarx disse...

muito bem, parabens!
aprecio bastante o ISO 100.
grouchomarx