domingo, 25 de dezembro de 2011

Balanço do ano, 3

Terminadas as férias, foi tempo de voltar à minha condição de fotógrafo de fim-de-semana. Deixou de ser possível fotografar sem planear as saídas, uma vez que uma sessão de fotografia pode ser tão cansativa como uma tarde de trabalho e torna-se necessário organizar bem o tempo disponível. A fotografia da Ponte D.ª Maria Pia (acima) é um exemplo desse planeamento: em lugar de pegar na câmara e fotografar o que se me atravessasse no caminho, resolvi concentrar a sessão neste objecto. Esta sessão foi a última em que utilizei exclusivamente as lentes concebidas para fotografia digital - neste caso a 40-150, uma lente um pouco antipática mas capaz de excelentes resultados. Curiosamente, toda a gente pensa que esta fotografia é a preto-e-branco, mas não é; o seu aspecto monocromático vem de um céu encoberto e da pintura cinzenta da ponte.
No dia 22 de Agosto comprei a lente OM de 28mm/f3.5. Nos primeiros dias foi complicado conseguir focar manualmente, mas acabei por dominar a técnica - com a ajuda da ampliação do ponto de focagem, é certo, mas no caso da fotografia acima ainda não tinha descoberto como se chegava a esta função. Esta fotografia é, ao contrário da anterior, o resultado de deambulações sem rumo definido pelas ruas do Porto. Uma Piaggio Vespa estava estacionada na Rua José Falcão, e o círculo perfeito do retrovisor esquerdo pareceu-me poder constituir um bom objecto para fotografar. Por sorte, consegui descobrir um ângulo do qual era visível um bom reflexo e fiz uma fotografia extremamente conceitual. Não, as fotografias da família e dos animais de estimação não são para mim. Eu vivo a minha vida à procura de qualquer coisa que ainda não sei bem o que é; quando a encontrar, a vida deixa de ter graça... talvez nessa altura me decida a comprar uma compacta para fotografar criancinhas e gatinhos.
A OM 28mm revelou-se um verdadeiro achado. As cores que ela capta são maravilhosas: saturadas, vivas e contudo muito naturais. Os seus únicos problemas são uma abertura máxima reduzida e um nível muito elevado de aberrações cromáticas, consequência de uma ligeira incompatibilidade resultante da diferença de concepção entre a lente analógica e a câmara digital. Estas aberrações, contudo, só surgem quando fotografo contra a luz, pelo que não é um problema grave. 
A fotografia acima é a expressão da minha vontade de fotografar objectos de uma forma diferente: em lugar de fotografar o pôr-do-sol directamente, aproveitei o reflexo das janelas espelhadas de um restaurante da Foz do Douro. Por sorte, um casal ia a passar quando estava a compor a imagem. Eu gosto desta fotografia: parece-me original e diferente, qualidades que reputo de importantes em fotografia.

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