quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Cropping

O cropping, ou recorte, é uma das ferramentas mais importantes da fotografia digital. Usa-se para recortar uma porção da imagem, criando uma nova fotografia a partir da original. São infinitas as possibilidades desta ferramenta: com ela consegue-se eliminar objectos indesejados que aparecem na fotografia, obter proporções ou relações de aspecto diferentes da fotografia que serviu de matriz, ampliar um pormenor desta última ou, simplesmente, modificar o enquadramento de modo a que os objectos surjam posicionados de uma maneira diferente (remeto, aqui, para o texto acerca da composição e enquadramento).
Tomemos o exemplo desta fotografia que, por não ser satisfatória, perdeu todo o meu interesse: apesar da sua singeleza, da ausência de aspectos interessantes e da falta de contraste da imagem (algo que pode ser melhorado na pós-produção), não deixa de ser possível realizar imagens interessantes a partir dela. Pode, desde logo, usar-se o recorte para remover o cabo eléctrico que, por ser paralelo à margem vertical esquerda, me passou despercebido quando recolhi a imagem:
A mera eliminação do cabo já torna a fotografia um pouco melhor, mas subsistem alguns problemas: a composição não é muito conseguida, uma vez que a imagem mais proeminente - a casa à esquerda com a sua clarabóia -, além de não ser interessante, desvia o olhar de onde ele deveria concentrar-se: a Sé Catedral. Por outro lado, o céu ocupa demasiado espaço sem que seja particularmente interessante. Pode usar-se o recorte para que o interesse da imagem seja concentrado no objecto que se quis pôr em evidência:
O recorte permite também modificar a relação de aspecto. Esta relação consiste na proporção da imagem: apesar de geralmente a fotografia ser apresentada sob a forma de um rectângulo horizontal, este rectângulo pode ser seleccionado, na própria câmara, para diferentes relações. Estas podem ser de 3:2 - que é a usada por defeito nas câmaras DSLR ou reflex -, 4:3 (utilizado por defeito nas compactas, com ou sem lentes amovíveis), 16:9 - formato panorâmico - ou 6:6, caso em que já não estaremos diante de um rectângulo, mas de um quadrado. Este último é o formato empregue por algumas das melhores e mais caras câmaras  do mundo - as câmaras ditas de formato médio, como as Hasselblad ou as Mamyia. Simplesmente, nada obriga a usar qualquer dos formatos descritos: o cropping permite usar formatos diversos e originais, subtraindo áreas distractivas ou de reduzido interesse da imagem, como nos exemplos que se seguem:
Por fim, a fotografia pode não ser horizontal; é possível usar planos verticais. Embora estes surjam, por regra, apenas em retratos, nada impede que sejam utilizados noutros estilos de fotografia com bons resultados:
Como se vê, o cropping oferece inúmeras possibilidades. As imagens acima são apenas alguns exemplos. Há, contudo, que tomar uma precaução: como a área da fotografia que serviu de matriz tem determinadas características em termos de resolução, as imagens obtidas a partir dela vão manter a mesma contagem de pixéis, mas ampliados. O que pode levar à pixelização da imagem, com o surgimento de um efeito serrilhado que é esteticamente desagradável e destrói a qualidade da fotografia. Devem usar-se, como matriz, imagens com a mais alta resolução possível para que este efeito não seja notório, sobretudo em ampliações.

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