Das minhas duas lentes, quase só uso a pequena Pancake de 17mm. A 40-150 passa praticamente todo o seu tempo no seu compartimento do saco, de onde só sai se a 17mm for insuficiente para aumentar um motivo distante. Não que a minha 40-150 seja má; pelo contrário, tem um nível de resolução espantoso, mas é lenta. Tem uma abertura mínima demasiado grande (f4 a 40mm e f5.6 a 150mm) e requer enorme firmeza para que as fotografias saiam bem focadas. É uma lente para tripé. A Pancake, a despeito das suas anomalias, dá muito mais prazer de usar: é rápida, foca sempre bem e a qualidade de imagem é bastante consistente. Não demorei muito a perceber algo que todos os fotógrafos experimentados sabem: as lentes de distância focal fixa são muito mais agradáveis de usar que as zoom.
Existia um hiato evidente entre as duas lentes, mais concretamente entre os 17mm da Pancake e os 40mm de distância focal mínima da teleobjectiva. As minhas opções eram limitadas: podia comprar a Pancake de 25mm que a Olympus desenvolveu para o sistema 4/3, o que obrigaria à aquisição de um adaptador que custa quase tanto como a lente; ou podia esperar, juntar muito dinheiro e comprar a lente de 25mm que resultou da cooperação entre a Leica e a Panasonic (esta última famosa pelos seus aspiradores e rádios a pilhas). Ou então comprava a lente 14-42, que é uma zoom e não é lá muito agradável de usar. Sei-o porque já a experimentei.
Preferi pensar lateralmente. A Olympus fabricou, entre os anos 70 e 80 do século passado, lentes que se tornaram lendárias pela sua qualidade. Estas lentes eram as desenvolvidas para as câmaras da série OM. Quem as conhece diz que estão entre as melhores lentes do mundo. Esta opção, a despeito de obrigar à compra de um adaptador, pareceu-me particularmente interessante. Até porque há uma loja no Porto que vende estas lentes - usadas, evidentemente - a bons preços.
Não demorei muito a tomar uma decisão. Esta era a melhor solução: uma prime de alta qualidade e a bom preço. Os únicos problemas eram a necessidade de comprar um adaptador - que, curiosamente, encontrei com enorme facilidade, o que não é habitual com o material da Olympus - e, mais importante, perder a comodidade da focagem automática.
A minha ideia inicial era comprar uma lente de 24mm, que, na E-P1, daria uma distância focal equivalente de 48mm, mas descobri que também existe uma grande-angular de 28mm, que se coloca exactamente a meio do intervalo entre as distâncias focais das outras lentes. O preço era bom, pelo que levei para casa a lente conhecida pelo nome «Olympus OM-System G.Zuiko Auto-W 1:3.5 f=28mm». Eu dispensaria o «Auto-W» para poder memorizar o nome mais facilmente...
Esta lente é uma lente prime - o que significa que tem uma distância focal fixa - de 28mm, com um ângulo de visão particularmente largo para uma lente com esta distância focal: 63º. Tanto como a Pancake. (Nas lentes o ângulo de visão é inversamente proporcional à distância focal.) A sua abertura mínima é de 3.5, pelo que é consideravelmente menos luminosa que a Pancake. Não é uma lente que possa usar em condições de pouca luz. A construção é excelente: é uma lente com uma robustez palpável, toda construída em metal - com a excepção do anel de focagem, que parece ser de borracha vulcanizada - e bastante compacta. É constituída por um anel de regulação da abertura com cinco stops - 16, 11, 8, 5.6 e 3.5 -, um anel de focagem e um outro anel em metal branco, na parte posterior, com uma régua de medição da profundidade de campo. São raras - e caras! - as lentes da era digital que têm esta regulação. É uma lente que condiz muito bem com o estilo retro da E-P1, apesar do aumento em um terço do seu volume causado pelo adaptador (que é também uma peça de metal de qualidade admirável). A lente é desacoplada com o auxílio de uma mola, que é accionada carregando numa pequena patilha rectangular na sua base.
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