quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Retro, parte 3

Apenas tenho a G.Zuiko 28 há três dias, e só num deles a experimentei em condições que podem ser consideradas normais. Ainda é, talvez, demasiado cedo para avaliar esta lente, mas já é possível, olhando para as fotografias que tirei com ela, extrair algumas conclusões.
A primeira é a da dificuldade em obter boas fotografias com ela. É evidente que esta é uma conclusão subjectiva, vinda de alguém que, a despeito da insaciável vontade de abarcar tudo quanto respeita à fotografia, tem apenas um ano de experiência, e somente quatro meses com uma câmara de lentes intermutáveis. Sou do tempo da focagem manual, mas só agora estou a aprender a lidar com a abertura, a profundidade de campo e a própria focagem. Toda a minha experiência se baseou na focagem automática e, embora tenha feito algumas experiências satisfatórias de focagem manual com a 40-150 antes de obter a 28mm, a minha aprendizagem fundou-se na comodidade de ter uma câmara e uma lente a fazer o trabalho por mim. Vejo, agora, que foi uma aprendizagem incompleta por me faltarem noções rudimentares de fotografia; daí a minha certeza de que a 28mm vai ensinar-me muito do que ainda não sei sobre fotografia.
No que respeita ao manuseamento - abstraindo da regulação da abertura e da focagem manual -, surpreendeu-me verificar que esta lente se comporta mais como a 40-150 que como a Pancake. Tal como a teleobjectiva, a 28mm requer mãos muito firmes para que as fotografias sejam nítidas. Acontece-me frequentemente tirar fotos mal focadas com a 40-150: demorei algum tempo a compreender que não era um problema de focagem - a 40-150 é, evidentemente, uma lente de focagem automática -, mas de falta de firmeza no manuseamento do conjunto corpo-lente. Por vezes lamento que a minha câmara não tenha uma pega com as dimensões das de uma DSLR e um visor que me permitisse segurar a câmara de um modo mais estável. A 28mm é pequena, mas o uso do adaptador deixa-a mais ou menos com o mesmo comprimento que a teleobjectiva, e o conjunto fica ainda mais pesado do que esta última lente.  O que não seria um problema muito sério, se não tivesse de compor a imagem através do ecrã...
De resto - e de novo à semelhança da 40-150 -, a 28mm precisa de muita luz. Neste aspecto a humilde Pancake trucida a G.Zuiko. Quando se tiram fotografias em condições de luz deficientes, torna-se necessário baixar consideravelmente a velocidade do disparador - o que agrava o problema da perda de nitidez. Esta é uma lente para fotografia diurna.
Que céu glorioso!
Contudo, em condições de luz ideais, a 28mm é uma lente capaz de verdadeira grandeza. O que mais impressiona, nesta lente, é a qualidade da cor. As cores das fotografias capturadas com a 28mm são absolutamente maravilhosas! São extremamente vivas e saturadas - muito mais que as cores captadas com as lentes «digitais» -, sem contudo serem berrantes. Só estas cores chegam para que me torne num entusiasta desta lente, mas as suas virtudes não se confinam à beleza cromática: com efeito, esta de nada serviria se as imagens fossem pouco nítidas, mas a 28mm não me dá razões para me preocupar. A nitidez dos contrastes é excepcional - de novo superior à das outras lentes -, mas não excessivamente pronunciada. As imagens são extremamente agradáveis de ver, sem a agressividade dos contrastes de algumas fotografias digitais. Está muito longe da ideia pré-concebida que alguns têm sobre a fotografia da era analógica, com cores mortiças e pouca definição. Esta é, em matéria de qualidade de imagem, uma lente moderna. 
Não me restam dúvidas, ao avaliar algumas das fotografias que já tirei com a G.Zuiko, que esta é uma lente de qualidade acima da média. Pode ter alguns problemas, mas as suas características de cor e contraste compensam largamente as faltas. É uma lente que me causa a sensação de estar a contemplar fotografias, e não a analisar ficheiros de imagem. Se isto é ser retro ou antiquado, pois que seja!

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