sábado, 30 de julho de 2011

Fotografia nocturna

Abertura f13, velocidade 8'', ISO 250
A minha curva de aprendizagem evolui um pouco mais sempre que fotografo em condições de luminosidade reduzida. As sessões fotográficas ao lusco-fusco e à noite (deixemos de lado, por agora, a questão da comprovada inabilidade da minha E-P1 para a fotografia nocturna) têm-me vindo a mostrar como funcionam as relações entre os valores que determinam a exposição num conjunto câmara-lente - a abertura, a velocidade e a sensibilidade ISO.
Com efeito, estes três valores operam entre si numa relação de dependência para determinar a exposição da imagem: a abertura, quando aumentada, leva a que a exposição seja mais luminosa, podendo criar imagens sobre-expostas; a velocidade do obturador, ao ser reduzida, produz o mesmo efeito. O mesmo com o ISO.
Temos, deste modo, que:
- Quanto maior a abertura (a que corresponde um número f proporcionalmente menor), mais exposta fica a imagem;
- Quanto menor a velocidade do disparo e a sensibilidade ISO, maior é a exposição.
Isto (que, naturalmente, pode ser lido de forma inversa) significa que deve ser encontrado um equilíbrio adequado entre os três valores para se obter a exposição ideal. Deve dizer-se, a este propósito, que a exposição ideal não é algo de objectivo: nem sempre o fotómetro produz exposições do agrado do fotógrafo. No caso da minha câmara, esta tende a produzir imagens muito luminosas, e eu gosto de fotografias low key, um pouco obscurecidas e fortemente contrastadas. É difícil dizer em que consiste este equilíbrio, uma vez que as relações entre os três valores criam uma quantidade enorme de possibilidades, mas há algumas regras que convém ter em mente quando se fotografa à noite:
1) A fotografia nocturna exige velocidades de disparo lentas, que deverão ser tanto mais lentas quanto mais reduzidas forem as condições de luminosidade. Como as velocidades lentas aumentam a exposição, a sobre-exposição é evitada optando por uma abertura menor. A sensibilidade ISO também pode ser aumentada, mas (já o disse aqui por diversas vezes) a escolha de sensibilidades elevadas aumenta o ruído presente na imagem. 
2) Por vezes não há escolha possível: se o que pretendemos é fotografias nocturnas de objectos em movimento, não há alternativa ao uso de valores de sensibilidade altos. Se tentarmos compensar o excesso de exposição - os tais céus azuis a meio da noite a que já me referi aqui - provocado pela diminuição da velocidade do obturador com uma abertura demasiado diminuta, ficaremos com imagens sub-expostas - i. e. demasiado escuras -, e o mesmo acontece se aumentarmos a velocidade do disparo. Nestas circunstâncias, para manter a imagem nítida, usamos um valor ISO elevado.
A foto no topo foi feita com um tripé igual a este
3. A fotografia nocturna implica, obrigatoriamente, o uso de um tripé. É impossível fazer uma boa fotografia nocturna sem um apoio estável. As fotografias tiradas segurando a câmara com as mãos sofrem, inevitavelmente, distorção por arrastamento dos pontos luminosos, que pode ser vista nos rastos de luz partindo do centro daqueles pontos, e perda de nitidez. Por maior e mais ergonómico que seja o punho da câmara, e mais firmes que sejam as mãos do fotógrafo, estes efeitos surgirão sempre que a fotografia nocturna é feita segurando a câmara com as mãos. A única excepção é o disparo com flash (sobre o qual não me posso pronunciar porque não tenho), uma vez que o seu uso altera as condições de luminosidade, suprindo parcialmente a necessidade do tripé e de valores ISO elevados.
4. O ruído da imagem é, como vimos, o preço a pagar pelo uso de sensibilidades ISO elevadas. Por melhor e mais sofisticada que seja a câmara, esta é sempre uma consequência necessária. Para além do conselho, dado anteriormente por diversas vezes, de procurar usar o menor valor ISO possível, direi que existe uma relação proporcionalmente inversa entre o tamanho do sensor e o aparecimento de ruído. Isto é quase uma lei da natureza: quanto menor for o sensor, maior o ruído aparente na imagem. Contudo, nem as full frame como a Canon 1D Mk IV ou a Nikon D3 estão livres de ruído: o que produzem é menos ruído.
Como vêem, tirar boas fotografias à noite não é simples - mas também não é tão complicado como parece. É uma questão de prática, de manusear os comandos e funções da câmara e tirar muitas fotografias até se obterem resultados satisfatórios. Claro que a aprendizagem pode ser mais rápida e menos frustrante se tivermos alguns conhecimentos de como a câmara funciona, e gostava que este texto ajudasse alguns principiantes (categoria na qual me incluo) a encontrar rapidamente as boas configurações para obter boas fotografias. Nem que sejam só um ou dois...

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