quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Olympus E-M5 e eu

Antes de mais, cumpre informar que, de acordo com um leitor ocasional e comentador deste blogue, eu sou pago para elogiar a Olympus e dizer mal das outras marcas neste blogue. Como decerto já se apercebeu toda a gente que leu o que escrevi aqui sobre a Fuji X-Pro1, a Canon 60D, a Nikon D7000, a Leica M9 e a Pentax K-5. O problema é que o tesoureiro da Olympus ainda não me mandou nenhum cheque. Se calhar gastaram o dinheiro todo a comprar aquelas empresas de Tupperwares e cremes faciais para ocultar os prejuízos e agora não têm como me pagar. Ou então ainda ninguém os avisou da existência deste contrato.
Quando a Olympus liquidar os meus honorários, vou finalmente comprar uma câmara nova. Ou não. É que a Olympus OM-D E-M5 (que só não recebe o troféu para a designação de modelo mais estúpida do mundo porque já existe a Pentax KO 1) deixa-me a lutar contra uma certa sensação de ambivalência. Não que seja feia - se dissesse que esta câmara é feia, que adjetivo poderia usar para qualificar a Pentax KO 1? -, mas o seu design tem qualquer coisa de pastiche. É uma câmara que pretende ser a continuação da linha das OM, mas isto não será a tentativa de ressuscitar um cadáver? É que a E-M5 não é uma OM: estas eram analógicas, a OM-D é digital. Como escrevi anteontem, tudo as separa - exceto o fabricante e a semelhança das linhas. A minha ambivalência vem do facto de esta câmara não me parecer tão atraente como a minha - a despeito de considerar a OM-1, em que a E-M5 se inspira, uma das câmaras mais bonitas alguma vez produzidas.
Afora isto, a verdade é que a câmara é bonita. Muito bonita. Ver as suas primeiras imagens, porém, não me causou o mesmo impacto que ver as da Pen E-P1, que me despertaram instantaneamente o desejo de ter uma. Aliás, creio que a E-P1 continua a ser mais elegante que estas pretensas OM digitais. Simplesmente, tenho de me colocar na posição de potencial comprador, o que implica olhar mais às diferenças técnicas entre as câmaras do que à estética e ver em que pode a evolução que a OM-D inequivocamente representa ajudar-me a fazer fotografias melhores.
Antes de mais, esta câmara tem um visor. Aquela bossa acima da lente abriga as entranhas do visor eletrónico VF-2. Convenhamos que o resultado estético é mais interessante que uma E-P2 com o VF-2 montado, mas ao que se diz o visor da E-M5 é ainda melhor que o VF-2, que de resto até tinha boa reputação. E, como referi no texto de domingo, não há nada como fotografar com um visor. É pena que não seja óptico, mas qualquer visor é melhor que usar o ecrã para fotografar.
Depois há o sensor. Eu não entro na guerra de tamanhos, que me lembra obsessões de rapazes pré-adolescentes, mas a verdade é que a OM-D usa um sensor mais evoluído e com melhor desempenho que o da E-P1 em matéria de ruído. Uma câmara com melhores resultados neste particular seria muito bem-vinda.
Se comprasse esta câmara, dificilmente sentiria diferenças quanto à funcionalidade. É certo que perde o comando principal da E-P1, aquela roda à volta do seletor principal - mas ganha um seletor que faz o mesmo, apenas com a forma de um disco montado sobre o painel superior, como as velhas SLR. O cilindrozinho que faz de comando secundário na E-P1 é também substituído por um disco rotativo, mas montado na parte dianteira do painel superior da câmara. É mais retro - os comandos desta câmara evocam as OM originais e a Fuji X100 - e, paradoxalmente, mais DSLR, porque é neste lugar que as reflex têm o seu comando rotativo: junto ao botão do obturador (botão que, no caso da E-M5, é mesmo sobre o comando secundário). O resultado é esta câmara assemelhar-se às câmaras vintage, embora os comandos selecionem funções mais contemporâneas (como a compensação da exposição ou a abertura do diafragma). Com estas modificações, o funcionamento em modo manual pode ser ainda mais divertido do que na E-P1. E teria outra vantagem: dois botões Fn, com os quais poderia personalizar funções de uma maneira que a E-P1 não permite. Por exemplo, gostava de ter comutação de focagem automática para manual e a calibração do equilíbrio dos brancos sem ter de escolher entre uma ou outra, porque a E-P1 só permite fazê-lo com o botão Fn. Ter dois botões para estas funções seria extremamente prático, já que não são poucas as ocasiões em que uso lentes de comando manual e de focagem automática na mesma sessão.
Outra vantagem seria poder usar um punho e uma bateria suplementar, algo a que a E-P1 não teve direito. Além da melhoria ergonómica - poderia fotografar na vertical de uma maneira muito mais cómoda -, teria uma autonomia muito maior, dispensando a compra de uma bateria suplementar. Poderia ter sessões de fotografia muito mais tranquilas, sem o risco de ter de acabá-las mais cedo por ter ficado sem bateria. 
Quanto ao resto, não me interessam o vídeo, o número de fotogramas por segundo nem o ISO 25600 (que deve produzir imagens ótimas para quem queira tirar fotos parecidas com os quadros de Seurat). A focagem automática pode ser muito rápida, mas esta velocidade apenas interessa se conseguir acompanhar objetos em movimento rápido, o que a deteção de contraste nem sempre consegue fazer. O facto de ser resistente à chuva é interessante, mas não o considero decisivo (e de pouco me adiantaria, porque não tenho nenhuma lente que também o seja).
É evidente que ficaria mais bem servido com a E-M5, mas eu não quero nem preciso de ter duas câmaras, nem tenho vontade de desfazer-me da E-P1. Podia encomendar hoje mesmo uma E-M5 na Amazon - embora ficasse completamente teso -, mas não vou fazê-lo. Seria um desperdício. A OM-D é certamente bonita, e não tenho dúvidas que é superior à minha câmara - mas tenho, como já referi por diversas vezes, um fraco pela E-P1. Talvez quando esta der o último suspiro adquira uma OM-D - que, nessa altura, já deverá ir na versão E-M8, com evoluções relativamente à câmara que hoje foi apresentada.
Apesar de tudo, acredito que esta câmara possa ser um sucesso. E, quem sabe, pode até estabelecer o micro 4/3 como o formato de referência entre as câmaras mirrorless e, pelo caminho, restabelecer a reputação da Olympus. Estou ansioso por ver os primeiros testes de imagem. 

2 comentários:

Andrezao disse...

Parabéns pelo blog e pela fina irônia do texto.

O maior problema da E-ME realmente é a falta de repasse do tesoureiro da Olympus.....rs, pois seu preço é salgadinho, mas mesmo assim....sinto que não irei resistir....minha camera atual é a E-P3 (lentes 14-42mm / 40-150mm e 45mm 1.8).
A E-P3 é ainda mais clássica e bonita que a E-P1 e ambas realmente são mais bonitas que a E-ME....agora... fora a piora estética....o restante dá show...
Fiz nesse janeiro uma viagem pra Bonito....local lindo...fiz ótimas fotos, mas enfrentei algumas dificuldades...e parece que a E-ME resolveria uma por uma....vejamos:

Passei 07 dias em Bonito....fiz muitos passeios e encarei várias chuvinhas de verão, fora os resingos da cachoeira....em vários desses momentos tive que recolher minha E-P3...se fosse a E-ME continuaria fotografando.

Fui no Buraco das Araras...o local é excelente pra fotografar as araras em ambiente natural...os voos por sobre o buraco e adentrando nas fendas..enfim lindas visões...os vôos ágeis foram captados a 2.7 fps (com AF) legal...porém perdi algumas boas fotos...com os 4.2 fps da E-ME perderia menos....um lado do buraco no fim de tarde fica sob a sombra...a única alternativa pra manter velocidade suficiente pra captar as araras é elevar o ISO e em 1600 a E-P3 já tem alguns problemas e em 3200 tem muito ruído...se cumprida a promesa a E-ME terá em 1600 uma imagem limpa e em 3200 uma imagem boa...se for mesmo assim...isso tbém teria possibilitado um melhor resultado...

Vi diversas cenas belíssimas que teriam sido interessantes (apesar de filmagem não ser minha praia) de serem captadas em movimento, mas a filmagem da E-P3 é bastante comprometida, pois deixa aquele efeito de movimento (distorções laterais) especialmente com o estabilizador ligado, mas mesmo sem ele...a qualidade de suas filmagens é infinitamente pior que das Panas....e a E-ME promete a qualidade de filmagem da GH2

Não tenho o viewfinder "ambulante"....rs e sem o acessório....posso afirmar que mesmo com a excelente resolução e iluminação da tela oled de 614.000 p....o sol de 40 graus de bonito irá diversas vezes te cegar....fiz diversas fotos "praticamente no escuro", pois o lcd num dava conta.....o visor da E-ME resolveria plenamente a questão.

Em locais muito escuros como a Gruta do Lago Azul...volta o problema do ISO já descrito acima associado a questão da estabilização....consegui usando a lente clara (a 45mm) fazer boas fotos em ISO 1600 a 1/4, mas em 3.200 o resultado era totalmente comprometido...e nas condições da gruta.....algumas das fotos em 1/4 não ficaram tremidas...mas a maioria ficou....e o novo sistema de estabilização da E-ME promete um desempenho superior.

Enfim a E-P3 é uma camera linda...adoro suas cores....adoro seus diversos dos seus recursos....mas como toda e qualquer camera tem algumas limitaçoes e dificuldades...e a tentação da E-ME...é que ele parece resolver ou minimizar todas as limitações da linha das PEN.....e isso é uma tentação quase irresistível....pois o que é bom (e tem muita coisa boa nas PEN) está mantido...e as limitaçoes resolvidas e ou minimizadas....se gostei muito de 80 fotos dos mais de 2000 cliques que dei em Bonito...acho pelas condições que enfrentei se estivesse com uma E-ME diria que de 2000 voltaria muito feliz com 120....parece pouca diferença....mas não é ....considero a E-ME isso...uma melhoria e uma evolução da E-P3....

Abraços!!!!

Manuel Vilar de Macedo disse...

«E-ME»? O que é?
A E-P3 é mais bonita que a E-P1? Com aquela pega? Com o painel traseiro prateado, como as compactas dos anos 90? Não me parece...