Ontem de manhã rumei ao Jardim Botânico do Porto com a lente OM 50mm/f1.4 montada na minha câmara. Como ainda estamos no inverno, não fiz muitas fotografias de flores - apesar de duas delas terem saído muito satisfatórias -, mas fiz inúmeras experiências com a profundidade de campo e a focagem seletiva. A 50mm/f1.4 permite uma profundidade de campo muito reduzida - ela comporta-se como uma pequena teleobjetiva quando montada na minha câmara -, o que a torna excelente para fotografar com aqueles fundos esbatidos que todos apreciamos. Por outro lado, com uma abertura máxima de f1.4, é um prazer fotografar com ela: é rapidíssima. O mínimo que posso dizer é que foi uma sessão divertida.
Quando já se tem um pouco de conhecimento de como uma câmara funciona e algum controlo sobre o processo fotográfico, a fotografia torna-se num enorme prazer. É certo que há ocasiões em que posso voltar a casa sem fotografias decentes, o que pode causar alguma frustração, mas felizmente é muito raro isso acontecer. Compreender a câmara e dominar a técnica, embora não sejam fins em si, ajudam a fotografar melhor e abrem as portas para um mundo de experiências que podem dar enorme satisfação. É o que acontece com a focagem seletiva: escolher um objeto que fique nítido, deixando os que estão nos planos anterior e posterior desfocados, por exemplo, pode produzir resultados incríveis. Esta técnica é, evidentemente, usada quando se quer destacar um objeto em relação aos que o circundam, mas é também algo capaz de produzir resultados surpreendentes.
Exemplo de focagem seletiva |
Devo dizer que, quando era um absoluto principiante, temia que o prazer de fotografar desaparecesse diante das considerações técnicas: imaginava que, diante da complexidade do funcionamento de uma câmara evoluída, a fotografia exigisse um trabalho mental de tal ordem que acabasse por perder toda a espontaneidade, substituindo o prazer pelo raciocínio. Nada disso: quanto mais nos familiarizamos com a câmara, mais partido tiramos dela e maior é a satisfação pelos resultados obtidos. De resto, tornamo-nos conscientes das possibilidades fotográficas de um equipamento decente e sentimo-nos motivados para experimentar e levar as experiências mais longe. Pelo menos eu funciono assim. Se tenho algo bom entre as mãos, sinto vontade de descobrir todo o seu potencial - embora esta exploração, neste momento, deva andar ainda pelos 50-60% daquilo que a câmara tem para dar.
Exercício de profundidade de campo |
E a verdade é que estas experiências são divertidas. Os seus resultados, quando se obtêm imagens satisfatórias, podem ser extremamente interessantes e gratificantes. Claro que não é daqueles prazeres que nos fazem exultar e sentir que a vida é maravilhosa, mas é uma satisfação interior intensa que resulta de termos conseguido fazer algo de acordo com a nossa intenção e termos vencido um desafio. Acresce que estas experiências são uma forma de consolidar os conhecimentos adquiridos e de treinar para o desenvolvimento das aptidões fotográficas. A pior coisa que pode acontecer é alguém, por obter resultados satisfatórios com configurações normais, se abster de procurar levar a técnica mais longe. Ou, o que ainda é pior, pensar que o importante é fazer fotografias bonitas e desprezar sobranceiramente os aspetos técnicos. É que o domínio da técnica permite fotografias ainda melhores e mais bonitas. Experimentar pode ser imensamente recompensador - pelo menos quando as coisas correm bem...
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