quarta-feira, 2 de maio de 2012

Lr4 vs Viewer 2: let the fight begin!

É extremamente curioso comparar o Adobe Photoshop Lightroom 4 com o programa de edição de imagem que tenho usado, o Olympus Viewer 2. Há, desde logo, uma diferença substancial que importa ter em conta: o Viewer é gratuito, enquanto o Lr4 custa uma centena de euros. Deste modo, seria de esperar que o Lr4 tivesse um desempenho muito superior. Será assim?
Começando, seguindo a ordem dos menus da função «revelação» do Lr4, pelas ferramentas de corte, pode dizer-se que não há grandes diferenças. O Lr4 tem, contudo, a vantagem de cortar automaticamente a imagem quando esta tem de ser nivelada, ao passo que o Viewer exige a intervenção manual do utilizador para adequar o tamanho da imagem às margens resultantes do nivelamento. Ambos os programas dão a possibilidade de personalizar o formato da imagem ou escolher um padrão pré-existente: 4:3, 3:2, 1:1, etc.
Assumindo que se está a usar o formato raw, vamos ver como se comportam os dois programas na edição da imagem. O menu básico do Lr4 demonstra, logo no início, a razão por que é mais poderoso que o Viewer 2: a compensação separada das altas luzes e das sombras. Isto é absolutamente inestimável: a minha câmara tende a ser um bocado entusiástica nas altas luzes, sendo incompreensível que o software da própria Olympus não tenha levado esta característica em conta. O controlo separado das altas luzes e das sombras permite escurecer as partes da imagem que ficaram sobre-expostas e clarear as que aparecem sub-expostas sem destruir o equilíbrio (que pode ser regulado noutro menu) e permitindo agir sobre as respectivas curvas. O Viewer apenas permite clarear ou escurecer a imagem por todo, não tratando separadamente as altas luzes e as sombras.
O equilíbrio dos brancos é outro campo em que o Lr4 é superior. É possível escolher uma das pré-configurações típicas (luz do dia, sombra, incandescente, etc.) ou modificá-lo manualmente, não apenas na temperatura da cor como na saturação das cores. O Viewer oferece uma «compensação BB», cujo efeito é bastante mais subtil. Quer o Lr4, quer o Viewer, têm a possibilidade de especificar o ponto cinza, o que equivale (mais ou menos) a definir o equilíbrio dos brancos na câmara apontando-a a um cartão branco. Eu diria que, embora o Lr4 dê mais flexibilidade e seja superior - especialmente no tratamento de fotografias a preto-e-branco -, o Viewer faz um excelente trabalho.
Quanto aos demais parâmetros da exposição, o Lr4 leva uma vantagem aparente: o Viewer limita-se a reproduzir os menus da câmara quanto à saturação, nitidez, contraste, etc., ao passo que o Lr4 ganha por ser mais flexível, permitindo o controlo total das altas luzes e das sombras, bem como dos pretos e dos brancos. Note-se, porém, que o Viewer, para além do processamento em raw, também possibilita o uso das ferramentas normalmente usadas para editar JPEGs, dando acesso ao controlo das curvas de tons, brilho e contraste, nitidez e saturação, entre outros parâmetros. Quanto ao resultado final, diria que, tendo em conta a natureza gratuita do Viewer e o preço do Lr4, o Viewer ganha em termos de valor, já que o resultado final é quase tão bom como o obtido com o Lr4. Mas é neste «quase» que está a grande vantagem do Lr4 - a flexibilidade e a possibilidade de controlo que o Lr4 tem a mais. O Viewer é pensado para obter bons resultados de forma automática, o que largamente consegue; mas o Lr4 dá mais autonomia ao utilizador para definir precisamente o que quer fazer com a imagem.
No controlo dos tons, ambos produzem excelentes resultados; simplesmente, o Lr4 tem, de novo, a vantagem de ser mais flexível, ao permitir o controlo da intensidade, saturação e luminosidade de cada um dos vários tons (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul-piscina, azul, púrpura e magenta), enquanto o Viewer obtém sensivelmente os mesmos resultados, embora de maneira diferente e apenas com as cores básicas. Não há diferenças substanciais na imagem final, mas o Lr4 deixa-nos retocar as cores de maneira a ficarem ao nosso gosto, não dependendo tanto dos algoritmos como o Viewer.
O Viewer recebeu recentemente um upgrade que lhe trouxe a função unsharp mask, mas esta é praticamente impossível de usar: antes de mais, por ser extremamente lento a processar a imagem, ao ponto de levar à exasperação; depois, por a porção da imagem ampliada ser demasiado grande, quando comparada com o Lr4; e, finalmente, por os resultados serem insatisfatórios, sendo demasiado grosseiros quando comparados com os do Lr4. Este último também exige muita ponderação no uso do unsharp mask, especialmente quanto ao raio, uma vez que o abuso pode levar ao surgimento de halos - mas esta é uma característica desta função, e não um defeito do Lr4. Mais valia à Olympus não ter acrescentado esta função, uma vez que é de uso impossível pela sua lentidão e pela brusquidão dos resultados (alterar o raio, nem que seja um ponto, pixeliza grotescamente a imagem). Aqui o Lr4 esmaga o Viewer.
A redução do ruído é incomparavelmente melhor no Lr4. Além de fazer um muito melhor trabalho na supressão do ruído, permite ajustar separadamente o ruído de luminância e o de crominância, para além de se poder ajustar o pormenor (só no ruído de luminância) e o contraste. O Viewer limita-se a suavizar o ruído, e fá-lo de uma forma bastante tosca, sem que o ruído deixe de influir na qualidade da imagem.
Outras funções, como a correcção das distorções, são mais ou menos equivalentes. Ambos os programas corrigem as distorções de barril e pincushion, bem como o ângulo, mas o Lr4 corrige a distorção horizontal, o que é uma vantagem.
O Viewer tem, à data que escrevo, uma enorme vantagem sobre o Lr4: a correcção das aberrações cromáticas. As minhas lentes são muito dadas a este tipo de aberração - as digitais, especialmente a 17mm, por serem de construção barata, as OM por não comunicarem electronicamente com a câmara -, pelo que esta é uma ferramenta utilíssima. Contudo, sei que a Adobe está neste momento a submeter à avaliação dos utilizadores a versão 4.1 do Lightroom, que inclui a correcção das aberrações cromáticas, pelo que esta vantagem do Viewer será (espero que muito em breve) suprimida. E, se a correcção do Lr4 for tão boa como o são outros parâmetros, vai ser decerto mais eficaz que o Viewer.
Acresce a tudo isto que o interface do Lr4 é mais prático - embora inicialmente requeira alguma habituação -, e que o Viewer demora uma eternidade a processar a imagem em raw - de tal maneira que, a menos que se usem as janelas que permitem comparar a imagem antes e depois, acaba por se esquecer como estava a imagem antes do processamento. Mesmo alterações no tom e no contraste, que são razoavelmente rápidas se processadas no início da edição, tornam-se desesperantemente lentas se forem feitas depois de usada a ferramenta da redução do ruído. E isto acontece mesmo quando se processam JPEGs. Não diria que o Viewer é lento - mas dá para ir tomar um café enquanto a imagem é processada! O Lr4, em termos de velocidade, também tem falhas, mas não nos momentos cruciais: demora muito a abrir e a exportar as imagens, o que é bem mais suportável do que as demoras no processamento.
É um pouco injusto comparar estes programas. O Viewer é fornecido com as câmaras mais recentes, substituindo o muito primário Master 2, e pode ser descarregado gratuitamente, ao passo que o Lr4 é pago - mas por um preço que é considerado uma pechincha por quem usa os programas da família Photoshop. A diferença no resultado final, após a edição e gravação em JPEG, é subtil, mas existe. Muitas das ferramentas do Lr4 podem parecer redundantes, mas é melhor tê-las do que confiar a qualidade da imagem final a algoritmos (por muito bem calculados que estes sejam). O Viewer é eficaz; é um programa honesto, e capaz de bons resultados, mas o Lr4 permite-me deixar a imagem tal e qual a imaginei quando a fotografei - tal o grau de controlo oferecido. Mesmo sendo pago, o Lr4 é de tal maneira poderoso e evoluído que vale a pena.

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