sábado, 26 de maio de 2012

Como lidar com o ruído nas Olympus

O ruído não é a maior das minhas preocupações, mas é a segunda na lista. A minha maior dor de cabeça são as distorções geométricas, que não requerem muito trabalho de correcção porque este é feito pela câmara - pelo menos no caso das Olympus e das Panasonic com sensor 4/3. Ver postes de iluminação curvos nas extremidades de uma fotografia é intolerável; já o ruído, desde que seja mantido a níveis aceitáveis, acaba por passar despercebido - mas, dada a sua natureza invasiva, é muito mais difícil de corrigir que a distorção.
O problema do ruído surge quando os seus níveis são excessivos, levando a uma deterioração genérica da qualidade da imagem, com os pormenores das zonas de sombra a perderem-se em manchas verdes de efeito desagradável ou a serem destruídos por pixéis de cor que não pertencem ali.
Hoje em dia há uma tendência a fotografar com valores ISO altos, o que agrava o problema do ruído. Há quem queira fotografar à noite sem a maçada de carregar e montar um tripé e sem flash, pelo que, para manter a imagem livre de arrastamento, precisam de aumentar a abertura e a velocidade do disparo, o que só pode ser feito se for aumentada a sensibilidade ISO. Mas já sabemos que o nível do ruído é tanto maior quanto mais alta for a sensibilidade ISO. Só câmaras extremamente competentes - digamos, as Canon 5D Mk III - são capazes de usar sensibilidades elevadas sem que o ruído destrua a qualidade da imagem. Quem tiver câmaras menos aptas para valores ISO altos deve conformar-se com o uso do tripé ou aceitar compromissos.
Muitos podem pensar que, com a qualidade das ferramentas de redução do ruído como as do Lightroom, o problema não se põe, porque é fácil lidar com ele na edição. Esta ideia é falsa. O que os programas de edição da imagem fazem é reduzir - e não eliminar - o ruído. E esta redução tem os seus preços: destrói os pormenores subtis e cria manchas uniformes de cor verde nas áreas onde o ruído se manifesta. Se se abusar da ferramenta do Lightroom, os resultados podem ser piores (por serem mais desagradáveis de ver) do que manter o ruído da imagem.
Outra questão que agrava o problema do ruído é o uso de ficheiros RAW. Quando se fotografa neste formato, não há qualquer processamento da imagem, pelo que a redução do ruído executada pelo processador não é aplicada. Um ficheiro RAW mostra todo o ruído de que o sensor for capaz.
O ruído precisa de ser combatido antes de fazer a fotografia, o que implica configurar a câmara para o minimizar tanto quanto for possível, mantendo tanto quanto possível o pormenor e a qualidade global da imagem. O primeiro passo é manter a sensibilidade ISO tão baixa quanto possível. Tudo o que ultrapasse ISO 100 tem o potencial de multiplicar os níveis de ruído, especialmente quando se fotografa em condições de luz diminuta.
Depois há que ter o cuidado de escolher as configurações ideais. Nas Olympus da série E - que inclui todas as DSLRs, bem como as Pen e a OM-D -, isto implica ir aos menus e escolher o menu das configurações, assinalado por duas rodas dentadas na barra vertical do lado esquerdo. De seguida selecciona-se a opção G e surgem duas opções: REDUÇÃO DO RUÍDO e FILTRO RUÍDO. A primeira permite três configurações: desligado, ligado e automático. Não recomendo o automático, porque o processador pode aplicar uma redução do ruído demasiado agressiva, destruindo o pormenor. Deve manter-se esta função desligada quando se fotografa sob boa luz e ligá-la em situações mais críticas, como quando se fotografa à noite ou ao lusco-fusco. Quanto ao filtro do ruído, este oferece quatro opções: desligado, suave, padrão e forte. A primeira só deve ser usada sob boa luz e quando se pretende obter uma qualidade da imagem absolutamente crítica. A opção «suave» preserva o pormenor, mas mantém algum ruído - o que não é inteiramente preocupante, especialmente se a fotografia se destina a ser impressa, pois níveis de ruído toleráveis dificilmente são perceptíveis na impressão. A opção «padrão» é capaz de bons resultados na redução do ruído, mas prejudica os níveis de pormenor - embora não tanto como a opção «forte», que apenas deve ser usada quando se usam sensibilidades ISO superiores a 200.
Quando se fotografa sob boas condições de luz, a redução do ruído deve ser mantida na opção «desligado» e o filtro em «suave» ou «padrão». Se se fotografar de noite, ou em locais pouco iluminados e com muitas sombras, deve manter-se a redução do ruído ligada e o filtro configurado para «padrão». Este último só deve ser configurado como «forte» em situações extremas de ausência de luz.
Depois há que ter outros cuidados, como usar tripé e regular a objectiva para uma abertura estreita quando se fazem longas exposições à noite, porque deste modo é possível, usando velocidades de disparo reduzidas, manter a sensibilidade ISO no mínimo, o que atenua consideravelmente o ruído. Em todo o caso, deve ter-se a noção que todas as câmaras digitais produzem ruído, apenas existindo algumas que produzem menos do que outras. Mesmo tomando todas as precauções que indiquei, aparecerá sempre algum ruído nas zonas de sombra - mas, se se configurar a câmara correctamente, há a forte probabilidade de passar despercebido e apenas ser visível em grandes ampliações.

1 comentário:

Ricardo Porto disse...

Hello MVM,

eu opto em consciencia por desligar (ou pelo menos colocar no nivel mais baixo)qq ferramente in-camera de reducao de ruido, pq uma de 2:
- ou a foto nao precisa de reducao de ruido e entao a ferramenta in-camera esta' a mais e como normlamente nao sao grande coisa acabam por "borratar" uma imagem;
- ou precisa de reducao de ruido e nesse caso o melhor e' faze-lo no pc.

dito isto, na minha camerazita nunca passo dos ISO 400 (qd muito uma vezporoutra 800),

Abr

grouchomarx