domingo, 10 de julho de 2011

Algumas regras de composição e enquadramento

Fotografar é, antes de mais, ordenar uma cena, que os nossos olhos vêem num ângulo extremamente amplo, no espaço limitado do rectângulo que a câmara capta. Daí que seja fundamental que se observem algumas regras quanto à composição e enquadramento. Não sou, porque me faltam conhecimentos para tanto, a pessoa mais indicada para determinar quais são essas regras, mas há, pelo menos, uma noção que já aprendi: a fotografia tem de ser interessante para quem a vê. Fotografar é um prazer, mas, como todos os prazeres, só se goza se for partilhado. E, para partilhar uma fotografia, é fundamental que esta seja interessante para quem a vê. Este interesse é subjectivo, mas existem regras que ajudam a tornar a fotografia interessante. Por exemplo, a regra dos terços. Uma fotografia em que o motivo esteja totalmente centrado é desinteressante, a menos que o objecto ocupe todo o enquadramento. Embora esta seja uma regra que comporta excepções, o objecto que queremos fotografar deve ficar num dos pontos da grelha que mostro aqui:
Convém ter a noção de como o olhar percorre a imagem - normalmente a partir de cima e da esquerda. Se o objecto não for colocado nessa área, deve evitar-se que existam aí outros objectos que desviem a atenção do principal - aquele que quisemos capturar - e devem, por outro lado, ser colocadas linhas ou outros objectos que conduzam o olhar na direcção do objecto principal. Mas esta, como referi, é uma regra que comporta excepções; o importante é referir que a fotografia não deve ser composta de modo a que o objecto fique no centro, e deve também evitar-se colocá-lo nos extremos da fotografia - a menos que exista uma boa justificação para este enquadramento.
Outra regra importante é o enquadramento da linha do horizonte. Esta, por ser um elemento composicional estruturante da imagem, não deve, em regra, ficar a meio do enquadramento. Tomemos o exemplo de uma paisagem, digamos um rio visto ao entardecer: se o céu for um elemento interessante, pelas nuvens ou pela sua tonalidade, e quisermos que ele seja o elemento dominante da composição, a linha do horizonte deve ficar abaixo do meio da fotografia - digamos no terço inferior da imagem. 
Rio Douro, Melres, Gondomar. Aqui o elemento interessante é a mancha avermelhada no céu, que ocupa o terço superior da imagem, obrigando a baixar a linha do horizonte para o terço inferior




Se, inversamente, é a água (ou, por ex., objectos a flutuar nela) que queremos mostrar, devemos colocar a linha do horizonte no terço superior. Devemos evitar que um céu vazio, ou uma água monótona, retirem interesse à fotografia. 
Mesmo local, mas aqui a intenção foi a de mostrar o reflexo do sol na água sem perder demasiado da textura das nuvens
A linha do horizonte a meio é uma opção, contudo, se houver simetria na imagem - por exemplo, se houver reflexos interessantes, como na fotografia de Ansel Adams que inseri no texto dedicado às minhas referências.
Um raciocínio similar é o que pode ser empregue quando a composição envolva o solo. A fotografia de determinados motivos (por ex. edifícios ou estátuas) deve incluir o chão, pois este é um elemento estruturante que confere estabilidade à imagem. Claro que podemos fotografar apenas a parte superior de um edifício, mas mesmo esta fotografia não escapa à necessidade de enquadramento das linhas estruturantes no rectângulo da fotografia, que podem ser alinhadas por um dos lados do rectângulo. Nos casos a que me referi inicialmente, porém, o solo deve ser sempre incluído, pois vai ser a fundação da imagem.
Casa da Música, Porto. O solo é o elemento estruturante da imagem; sem a sua inclusão, a fotografia não faria sentido.
A minha intenção não é dar lições; como referi, falta-me ainda muito para dominar as técnicas fotográficas. As regras que descrevo aqui servem apenas de guia e, embora os seus resultados tenham sido confirmados na prática, i. e. ao tirar fotografias, não dispensam a necessária aprendizagem (por ex. a frequência de um curso, que eu mesmo tenho como uma inevitabilidade se quiser evoluir).

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