sábado, 5 de maio de 2012

O meu dilema

Ao fim de muitas horas de uso do Adobe Photoshop Lightroom 4 e do DxO Optics Pro 7, creio já poder apontar as qualidades e insuficiências de cada um, embora reserve uma avaliação final para mais tarde, quando estiver em condições de me decidir.
É necessário começar por dizer que ambos os programas são verdadeiramente prodigiosos, e que, seja qual for a escolha, qualquer um satisfaz todas as necessidades de quem quer editar imagens sem chegar aos exageros de manipulação consentidos por programas como o Photoshop CS ou o Corel Graphics. Ambos fazem sensivelmente as mesmas coisas, com uma gama interminável de ferramentas de retoque da imagem, pelo que, neste texto, vou referir-me apenas às diferenças principais entre ambos.
O Pro 7 tem, antes de mais, uma enorme vantagem sobre o Lr4: corrige automaticamente a distorção óptica, a vinhetagem e as aberrações cromáticas, e fá-lo preservando a relação de aspecto - o que implica, no caso da distorção óptica, a perda de alguns milímetros nas bordas da imagem, mas a correcção do Lr4 também o implica, com o ónus de ter de ser o utilizador a fazer o recorte para eliminar as porções da imagem em branco. Estas correcções do Pro 7 são, como disse, automáticas, mas este automatismo apenas funciona com lentes reconhecidas pelo programa. Não funciona, por exemplo, com fotografias feitas com as lentes OM, caso em que as correcções terão de ser feitas manualmente. A DxO aproveita o conhecimento dos problemas ópticos de cada lente montada numa dada câmara, conhecimento adquirido nos testes exaustivos que lhes permitiu construir uma base de dados gigantesca, para estabelecer os algoritmos de correcção. E os resultados são absolutamente fantásticos.
O Lr4 também permite todas estas correcções, mas sem a magia do DxO. Tem, contudo, duas vantagens de peso sobre o Pro 7. A primeira é o controlo das altas luzes, que é claramente superior ao do Pro 7. Este último não suprime satisfatoriamente as altas luzes, sendo necessário jogar com a compensação de exposição e com os contrastes, as sombras e os pretos, o que resulta numa imagem homogeneamente escurecida. Acresce a isto uma tendência para corrigir as imagens deixando-as com excesso de luminosidade, pelo que aquilo a que chama white point, que é na verdade o controlo das altas luzes (os laboratórios DxO usam uma terminologia muito específica), surge sempre no máximo, ou perto. O excesso de altas luzes pode ser ainda corrigido no menu da compensação de exposição, em que a correcção pode ser feita através dos quatro parâmetros daquilo a que a DxO chama highlight priority: leve, médio, forte e ponderado ao centro. Contudo, mesmo com o máximo de redução das altas luzes, os resultados são sempre inferiores aos do Lr4, que, para além dos controlos básicos, por barras horizontais, permite também modificar as curvas de tons separadamente para as altas luzes, sombras, brancos e pretos.
O outro aspecto em que o Lr4 produz melhores resultados é na redução do ruído. Neste programa o utilizador tem o controlo total sobre o ruído da imagem, enquanto no DxO a redução do ruído de luminância é feito automaticamente - mas com resultados abaixo dos que se podem obter com o Lr4. Nos diversos websites e blogues que consultei, a redução do ruído do Pro 7 é unanimemente gabada, mas eu considero os resultados pouco superiores aos obtidos com o Olympus Viewer 2.
O Pro 7 volta a ganhar na correcção da distorção da imagem, sendo bastante mais simples e intuitivo que o Lr4 na correcção vertical e horizontal. (Curiosamente, nenhum deles permite transformar imagens horizontais em verticais mantendo automaticamente a relação de aspecto, algo que até o Olympus Viewer 2 faz com um simples clique do rato.)
Vou ter de ponderar muito bem a minha escolha, embora neste momento me sinta mais inclinado para o Lr4. O facto de o DxO Pro 7 ser tão bom apela ao meu sentido de originalidade (o mesmo que me levou a comprar a E-P1), já que me permitiria afastar-me do unanimismo à volta dos produtos da Adobe e optar por ter um produto europeu, ademais vindo de um laboratório que, apesar de os seus testes serem controversos na comunidade fotográfica, tem um rigor metodológico e um know-how apreciáveis. Mas há alguns problemas que obstam a esta escolha: a tendência para a sobre-exposição das imagens apresentadas e a ausência prática de um controlo eficiente das altas luzes, a que já me referi, mas também algumas características irritantes: por exemplo, em certas imagens surgem manchas de pontos luminosos durante a edição (o que quase me levou a desinstalar o programa logo no primeiro dia), mas estes não aparecem na imagem final. O Lr4 não tem a correcção automática das distorções ópticas, mas tem um controlo das altas luzes e sombras e uma redução do ruído de que o Pro 7 não consegue aproximar-se. Os dois equivalem-se no equilíbrio dos brancos e nos controlos de tonalidade, intensidade, nitidez e saturação, mas o Lr4 tem mais flexibilidade no tratamento de imagens no formato JPEG.
Depois há o caso particular das aberrações cromáticas. O DxO Pro 7 faz autênticos milagres quanto a este problema, e esta correcção é absolutamente fundamental para mim, que uso uma Olympus 17mm/f2.8 que parece optimizada para dar o máximo de aberração cromática possível. Esta ferramenta está tão bem escondida no Lr4 que me levou duas semanas a encontrá-la. Diz-se que a versão 4.1 terá uma correcção das aberrações cromáticas ainda mais potente, mas falta saber se o preço se manterá tão baixo como o da versão .0 e quando será posta à venda.
O ideal seria ter os dois: usar o Pro 7 para corrigir automaticamente a distorção e as aberrações da imagem e exportar os ficheiros como DNG para o Lr4, corrigindo neste as altas luzes e o ruído, mas este é um luxo que não me posso, infelizmente, permitir. Qualquer que seja a escolha que farei, vou sempre ficar a perder qualquer coisa. Para ter mais flexibilidade no controlo das altas luzes - um problema bastante sério da E-P1 -, vou perder a magia da correcção automática das distorções e aberrações da lente; para ter imagens com menor ruído, terei de abrir mão de um interface mais simples e inteligente, menos «Microsoft» que o da Adobe. (Senhoras e senhores da Adobe e DxO, estão a ler isto? Hello-o, acordem...!)   

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