quarta-feira, 25 de julho de 2012

Unsharp mask

Depois de tanta ingressão por equipamento e novidades da indústria fotográfica, é altura de abordar uma questão verdadeiramente importante e com repercussões directas na qualidade da imagem. Vamos, concretamente, conhecer uma ferramenta de edição de imagem que tem o poder de transformar uma imagem baça numa fotografia nítida. Hoje em dia não há software de edição de imagem digno desse nome que não tenha esta ferramenta, que é denominada unsharp mask.
E pergunta o leitor, com enorme sagacidade: - querido, bondoso e velho mestre: o que é o unsharp mask?
Na sua génese histórica, o USM (chamemos-lhe assim, por questões de brevidade) era uma máscara que era aplicada aos fotogramas, durante o processo de revelação, para tornar a imagem mais nítida. O método de usar o USM pode ser consultado aqui, mas o que nos interessa é a sua aplicação prática.
O USM serve para tornar a imagem mais nítida, o que faz dando maior acutância aos contornos dos objectos. Porque é nas transições - i. e. nos contornos - que a nitidez se ganha ou se perde. Não apenas nos contornos exteriores dos objectos, note-se bem, mas em todas as transições entre zonas de alta e baixa densidade da imagem. Ou seja (isto começa a ficar confuso...), a nitidez, ou falta dela, tanto pode ser encontrada na silhueta de uma pessoa como no tecido da camisola que veste, ou ainda na textura de um pavimento ou de uma parede.
Deve notar-se que o USM é eficiente em fotografias com pouca nitidez, mas esta característica não se confunde com os erros de focagem, nem com o bokeh. O USM não pode fazer nada por uma fotografia desfocada, nem vai tornar nítido o desfoque produzido pelo uso de uma profundidade de campo estreita. Do mesmo modo, o USM não corrige distorções por arrastamento, como aquelas que se encontram em fotografias obtidas com tempos de exposição longos sem recurso a um tripé. O que o USM faz é corrigir a falta de nitidez causada pela deficiente acutância da objectiva, e esta ferramenta pode ser dispensada se se usar aquele programa de edição de imagem francês a que me refiro amiúde neste blogue (as voltas que tenho de dar para não me acusarem de fazer publicidade!), desde que esse software reconheça a lente e a câmara usados.
O USM compreende três comandos: a intensidade, o raio e o limiar. Mais importante do que descrever os conceitos subjacentes a estes comandos é saber para que eles servem, pelo que a abordagem será exclusivamente prática.
A intensidade faz variar a nitidez geral da imagem. É possível puxar pela nitidez quase indiscriminadamente sem prejuízo da qualidade da imagem. A intensidade torna a fotografia mais nítida, mas não afecta as bordas dos objectos; para isto, o comando a usar é o raio.
O raio, que define a nitidez nos contornos do objecto, dando à fotografia o aspecto nítido que se procura com o USM, tem de ser usado com muito cuidado: se não for aplicado judiciosamente, podem surgir orlas em torno dos objectos, pelo que deve ser muito bem doseado e aplicado com conta, peso e medida.
Exemplo de excesso de uso do raio: reparem na orla em torno do guarda-lamas
O limiar evita que os limites dos objectos se tornem pixelizados; tem, deste modo, o efeito prático de dar à imagem uma aparência mais suave e uniforme, corrigindo os excessos que porventura resultem da aplicação do raio.
Com um pouco de sorte e paciência, obtém-se, como resultado da aplicação desta ferramenta, uma imagem mais nítida, com contornos mais definidos. Como referi, o excesso de uso é prejudicial para a qualidade da imagem ao criar orlas artificiais em torno dos objectos. Para evitar que isto aconteça, o USM deve ser aplicado com a imagem em tamanho real (1:1, ou 100%). Caso contrário os excessos podem ser imperceptíveis em imagens de tamanho reduzido - o que pode causar algumas surpresas desagradáveis, especialmente no caso de a fotografia ser impressa.
    

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