Só estou aqui a escrever porque a RTP decidiu que é muito mais importante transmitir um jogo de voleibol de praia feminino entre a Suíça e a Grécia do que a qualificação da ginástica artística masculina, em que participa um português, o Manuel Campos (Joca), que, por sinal, conheço desde que ele era ainda uma criança. Foi a primeira vez que um ginasta português se apurou para os jogos olímpicos, mas a RTP, aparentemente, parte do pressuposto inerme de que os portugueses gostam é de jogos com bola - mesmo que seja voleibol de praia feminino. Este é o serviço público a que temos direito.
Lamentações à parte, o que me levou a escrever hoje foi a necessidade de reforçar algo a que aludi no texto de ontem: todas as câmaras, mesmo as melhores, produzem ruído. E este manifesta-se desde muito cedo: por maior que seja o valor ISO anunciado, o ruído começa a deteriorar a qualidade da imagem, mesmo em câmaras como as Nikon D4 e D800, ou a Canon 5D Mk III, a partir de ISO 800. Em qualquer das câmaras mencionadas estão montados sensores full frame, pelo que esta não é apenas uma questão de área; aliás, as Leica M8 e M9 têm sensores full frame e o ruído que produzem é de um standard que as deixa abaixo de câmaras com sensores 4/3. Algumas câmaras disfarçam melhor este fenómeno que outras quando se fotografa em JPEG, mas em Raw, sem a intervenção do processador, a verdade é revelada sob uma luz particularmente cruel.
Não falo de cor. Quem duvidar do que digo pode confirmar aqui e entreter-se um pouco com a comparação entre as câmaras que mencionei atrás e a Pentax 645D, uma câmara médio formato. Só esta última consegue obter imagens relativamente limpas a ISO 800 - mas a sua gama de sensibilidades termina, curiosamente, nos 1600.
Aliás, este último facto levanta uma outra questão: serão sensibilidades ISO da ordem das dezenas ou centenas de milhar verdadeiramente necessárias? Se uma câmara médio formato não vai além de 1600, não é certamente porque o fabricante não sabe fazer melhor. Diria, mesmo sendo praticamente um leigo, que é uma opção deliberada para evitar a deterioração da qualidade da imagem causada pelo acréscimo de ruído que as sensibilidades elevadas necessariamente implicam. Contudo, existe a tendência de engodar o consumidor mal informado com valores ISO astronómicos (e também com muitos megapixéis), como se estes fossem absolutamente fundamentais. Não são. Quantos fotógrafos amadores precisam de velocidades de disparo muito altas em condições de fraca luminosidade? Nenhuns! Só os profissionais é que têm esta necessidade, e mesmo assim só em casos extremos. Diria que adquirir uma câmara porque esta anuncia um valor ISO da ordem dos 102400 é tão estúpido como comprar um automóvel que marca 240 km/h no velocímetro, apesar de o seu motor de 1200 cm3 produzir 75 hp.
O meu conselho? Não se importem com os valores ISO anunciados no momento de adquirir uma câmara. Preocupem-se mais com o nível de ruído que a câmara produz a ISO 100 ou 200, porque é aqui que se vê o desempenho da câmara em termos de ruído.
Agora deixem-me ir ver como é que o Joquinha se safou...
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