quarta-feira, 18 de julho de 2012

Monitores

Quem faz fotografia digital deve ter o maior cuidado na escolha do monitor. Não pela qualidade em si, ou por tornar mais agradável a visualização - embora este seja um factor a tomar em consideração -, mas sobretudo para evitar erros de apreciação das fotografias, em especial durante a edição.
Um mau monitor pode induzir em erro de mais que uma maneira. Se a sua resolução for insuficiente, podemos ser tentados a interpretar a má qualidade da imagem como serrilhado (moiré) e estragar a fotografia, por excesso de edição, à custa deste erro de apreciação. Isto é particularmente notório quando se usam programas de edição de imagem avançados e o monitor tem um número reduzido de dpi (dots per inch, ou pontos por polegada). Neste caso o serrilhado vai tornar-se notório, mas tal não significa, necessariamente, que seja uma deficiência da imagem: é o efeito da escassa contagem dos pontos e do seu tamanho relativamente ao ecrã.
O outro erro de percepção refere-se às cores. Os monitores necessitam de calibração da cor, uma vez que nem todos são capazes de uma qualidade da imagem que apresente as cores tal como elas devem ser. Esta não é uma questão de gosto pessoal, mas de precisão na apresentação das cores. Cada cor é constituída por cores primárias (amarelo, ciano e magenta ou vermelho, verde e azul), e o excesso de uma destas afecta decisivamente a tonalidade.
Para dizer as coisas sem papas na língua, devo referir que a motivação para escrever este artigo veio da fraquíssima qualidade dos monitores HP a que tenho acesso. Mesmo sendo verdade que são muito básicos, estes monitores têm deficiências que arruínam por completo a experiência de ver fotografias. Na sua calibração normal, os azuis sofrem de uma tonalidade arroxeada, os vermelhos são deslavados e a imagem é, em geral, demasiado contrastada. E a regulação das definições do ecrã, acessíveis através dos menus do próprio monitor, não ajudam em nada. Quanto ao serrilhado, este é visível mesmo nos caracteres dos programas de texto: as letras são fragmentárias e tendem a ser apresentadas com formas mais quadradas do que deveriam. Curiosamente, os monitores pequenos, como os dos computadores portáteis, são geralmente isentos destes defeitos. Ao contrário do que acontece nos sensores das câmaras, a concentração maior de pixéis é benéfica, porque suaviza os contornos, mas tal não significa que estejamos a ver a verdadeira resolução da imagem. Uma fotografia que nos parece ideal num computador portátil pode apresentar defeitos quando vista num monitor de alta resolução.
A boa notícia é que o monitor pode ser calibrado. Há um aparelho, o Spyder (2 ou 3), que analisa a imagem e a corrige. A má notícia é que este aparelho, que provavelmente será usado uma vez por ano, é muito caro. Nunca experimentei este calibrador, mas diz quem sabe que os resultados são muito bons. Quanto às minúcias da calibração, remeto para este artigo do imaging resource, que já me fez ver que o monitor do meu Asus não está, afinal, tão bem calibrado como pensava... Em todo o caso, e na falta de um aparelho como o Spyder, não há como escolher a resolução máxima possível, quer no aspecto do ecrã, quer na cor.
Já escrevi, por diversas vezes, que as fotografias são para ser vistas por outras pessoas. E nós podemos estar convencidos que as nossas fotografias estão com uma qualidade decente, por ser assim que as vemos nos nossos monitores, e terem deficiências gritantes quando vistas noutros monitores. Ou podemos estar a cometer erros com a edição da imagem por julgarmos que a imagem do monitor é a ideal.
Seja como for, evitem os monitores HP.  

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