Por vezes surgem, no meio fotográfico, lamentos por não haver um formato de sensor predominante, como havia (e há, porque a Nikon ainda faz duas câmaras analógicas reflex) o formato 35 mm na fotografia analógica. Hoje, para além dos sensores das compactas - que são uma irrelevância em matéria de qualidade da imagem - e do médio formato, o panorama é o seguinte: a Canon faz câmaras com sensores APS-C, que são ligeiramente menores que os da concorrência, APS-H - um formato específico, entre o APS-C e o full frame - e full frame; a Nikon tem o sensor CX da série 1, o APS-C fabricado pela Sony (DX) e o full frame FX; a Sony faz sensores APS-C para as suas câmaras, e ainda para a Nikon e Pentax, e a Olympus e a Panasonic insistem nos sensores 4/3 (sendo o sensor da Olympus OM-D E-M5 fabricado pela Sony); a Fujifilm e a Sigma alinham pelo APS-C, com a mesma área que os Sony, mas a última tem também o sensor Foveon, cuja área está entre o 4/3 e o APS-C. Com esta variedade, e sem que existam sinais sensíveis de uniformização, parece seguro dizer-se que o formato «universal» não vai acontecer.
Seria porventura bom que um dos formatos prevalecesse; tal permitiria que a indústria fotográfica avançasse numa só direcção, o que levaria a um desenvolvimento semelhante àquele que as câmaras de 35 mm tinham nos anos 70 e início dos 80. As especificidades técnicas de cada formato seriam eliminadas, o que levaria a uma evolução substancial e a um cenário de concorrência perfeita que não deixaria de ser benéfico para todos os fabricantes - e, sobretudo, para os consumidores.
Contudo, a verdade é que mesmo no tempo da fotografia analógica existia o 135, o 110 e outros formatos mais ou menos atípicos, como o half-frame das Olympus Pen. E, mesmo que um formato de sensor prevalecesse - e o que me parece mais plausível de o fazer seria o APS-C da Sony -, os fabricantes continuariam, como sempre o fizeram, a ter os seus próprios sistemas de montagem das lentes, continuando a oferecer lentes que não podem ser montadas em câmaras de outros fabricantes.
No momento actual, o formato mais abundante é o APS-C; A Nikon, Sony, Pentax, Fujifilm e a Sigma usam todas sensores com a mesma área. Contudo, daqui não se pode inferir que se está a caminho da «universalização» (em sentido impróprio) que existia com o filme de 35 mm, já que cada fabricante aplica as suas próprias tecnologias, e a concorrência da Canon e do 4/3 não dá sinais de se aproximar e de querer o estabelecimento de um padrão. Tudo isto se torna ainda mais complicado com o advento das mirrorless, que, pelas suas dimensões, beneficiam de sensores pequenos.
Se há um sensor que merece tornar-se prevalente, é o full frame. A Leica já provou que não é impossível fabricar câmaras de tamanho conveniente com sensores full frame, embora as objectivas para este formato tenham o inconveniente de ser muito volumosas, tornando-se mais confortável usá-las em câmaras com a ergonomia das actuais DSLR - o que preclude a sua aplicação em corpos compactos como os das mirrorless. E isto obsta à sua universalização, porque os fabricantes vão apostar cada vez mais nestas câmaras. O que é pena, porque hoje há um sensor full frame capaz de uma resolução equiparável ao médio formato - o sensor das Nikon D800 e D800E. O ideal seria uma câmara pequena com este sensor, mas sem os preços das Leica. Será que isto alguma vez vai acontecer?
Por outro lado, é verdade que as grandes evoluções na fotografia aconteceram quando se reduziu o formato - dos médio e grande formato para o 35 mm, e deste para o APS-C. Mesmo sendo certo que essas evoluções foram acompanhadas por uma redução na resolução, o certo é que os progressos que se verificaram aproximaram os formatos recentes dos padrões de qualidade de imagem dos precedentes. Não quero apostar, porque já me enganei a fazer previsões, mas talvez o futuro esteja no formato APS-C, com resoluções na ordem das três dezenas de megapixéis. Vamos ver...
Sem comentários:
Enviar um comentário