quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sobre o flash

Ontem referi que o desempenho do flash se mede por um valor denominado GN. Esta é a abreviatura de Guide Number, ou número de guia - ou, para ser mais preciso, número de referência. Os flashes são classificados com este número, que varia na proporção directa da intensidade do disparo: GN 8, GN 12, GN 14, GN 28, etc. Quanto maior a intensidade, maior será a distância coberta pela luz do flash.
Para determinar qual a distância ideal entre a câmara e o objecto que se pretende fotografar com flash, usa-se uma fórmula matemática: a distância ideal (m) é igual à multiplicação do número de referência por um coeficiente referente à sensibilidade ISO somada com o valor da abertura:

m = GN x ISO + f

O coeficiente do ISO é de 1 para ISO100, 1.4 para ISO200, 2 para ISO400, 2.8 para ISO800, 4 para ISO1600 e 5.6 para ISO3200.
No caso de um flash com um número de referência 14, se tirarmos uma fotografia a ISO100 com uma abertura f4, temos de multiplicar 14 por 1 e somar 4, pelo que a distância ideal é 18 polegadas, i. e. 45 centímetros. Se usarmos ISO200 com uma abertura f5.6, a distância ideal é de 63 centímetros.
Como se vê, o número de referência tem uma influência decisiva. Flashes como o FL-14 são demasiado fracos para cobrir grandes distâncias, mas servem para o chamado fill-in, que consiste na criação de um ambiente luminoso em redor do motivo fotografado.
Daqui resulta que, para obter uma boa iluminação, é necessário um flash poderoso (embora não tanto como o da ilustração acima...). Só um flash externo pode corresponder a esta necessidade, uma vez que os incorporados nas câmaras - mesmo nas DSLR - têm valores baixos. Nas Canon 1100D e Nikon D3100, por exemplo, o flash tem um número de referência de apenas 12. E mesmo um flash externo poderoso tem um alcance, no máximo, de 2 ou 3 metros - se usar uma sensibilidade ISO elevada e uma abertura estreita. Podemos, deste modo, compreender o motivo por que as câmaras profissionais, como a Canon 1D ou a Nikon D3, nem sequer têm flash incorporado, ou por que é um disparate usar flash para fotografar jogadores de futebol em plena acção: neste caso, tudo o que se ilumina é uma pequena extensão do relvado, surgindo a relva muito verde e os jogadores subexpostos...
Outro problema do flash é que a iluminação por ele provida não é lá muito natural. Além disto, em resultado da luz intensa, as imagens surgem demasiado planas, pela eliminação das sombras, e os fundos aparecem negros - embora esta última característica possa ser explorada com uma intenção artística. É frequente usar dispositivos que causam uma certa refracção da luz, apontar o flash para o tecto ou outra superfície reflectora para evitar que o clarão incida directamente sobre o objecto (o FL-14, infelizmente, não permite isto) ou usar o flash da câmara para fazer disparar um flash remoto por infravermelhos.
Depois há o problema clássico dos olhos vermelhos, visível sobretudo nas fotografias tiradas com câmaras compactas. Os olhos vermelhos acontecem por causa da dilatação das pupilas que, sendo foto-receptoras, reagem ao excesso de luz causado pelo flash. Alguns flashes externos - entre eles o FL-14 - emitem um pré-disparo quando a função de redução de olhos vermelhos é seleccionada na câmara: o pré-disparo, ao qual se sucede o disparo coincidente com o do obturador, serve para preparar a íris para a luz intensa do flash, a qual estará já suficientemente retraída quando o disparo principal (que é mais longo) ocorrer. Esta é uma solução inteligente, e ontem à noite pude comprovar que resulta.
Voltarei a este tema quando aprender mais sobre o uso do flash. Eu nunca me propus dar lições neste blogue, mas apenas e só documentar os resultados da minha aprendizagem. E tudo o que aprendi sobre o flash, até hoje, foi isto. Mais tarde versarei o disparo de segunda cortina, que me parece ser a forma mais criativa de usar o flash.

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