Pormenor da fachada do edifício do Instituto Português de Fotografia |
É incrível como o tempo passa depressa quando nos envolvemos em algo interessante. Parece que foi ontem que começou o workshop de técnica fotográfica do Instituto Português de Fotografia que frequentei, e agora já acabou!
Fazendo o inventário e balanço dos conhecimentos adquiridos, concluo que o saldo é apenas ligeiramente positivo. Se fosse um aspirante a fotógrafo totalmente inexperiente, que estivesse a manusear uma câmara pela primeira vez - digamos, se o workshop tivesse sido em Maio deste ano, uma vez que comprei a E-P1 no dia 27 de Abril -, talvez tivesse encontrado muita mais utilidade nesta formação, mas os conhecimentos que adquiri como autodidacta fizeram com que a aprendizagem fosse restrita a determinadas técnicas e funções que ainda não dominava. O que significa, por outro lado, que os conhecimentos que adquiri sozinho eram já suficientemente sólidos, em resultado de algo que busco obsessivamente na minha vida: a verdade e a certeza. Não me basta conhecer: necessito de confirmar; não me basta saber: tenho de experimentar até que os conhecimentos se tornem consistentes e repetíveis.
Foi, então, um desperdício? Não, de maneira nenhuma. Por um lado, a frequência do workshop veio dar consistência e confirmar validade aos conceitos que aprendi à minha custa; por outro lado, aprendi muito de novo. Aprendi a calibrar a câmara para o equilíbrio dos brancos, aprendi a fazer panning, a usar o flash (o que não foi particularmente difícil, uma vez que o FL-14 é incrivelmente simples de usar) e, acima de tudo, a usar a medição pontual. Não posso dizer que tenha sido tempo perdido. Pelo contrário , avancei um pouco mais nos conhecimentos que me permitem ter controlo sobre o processo fotográfico.
Dominar a medição pontual é particularmente útil, em especial nos casos em que existem grandes contrastes que, de outro modo, enganariam o fotómetro e levariam a medições de luz diferentes da pretendida. O conceito não podia ser mais simples: selecciona-se o ponto da imagem que se pretende mais bem exposto.
Esta simplicidade é, porém, aparente. Quando existem grandes contrastes e se usa a medição pontual, é inevitável que uma parte da imagem fique bem exposta e a outra sobreexposta ou subexposta. Mas isto corresponde a escolhas que se têm de fazer quando a medição matricial falha. Nas imagens acima, é visível que uma ficou subexposta e outra sobreexposta: na da esquerda, medi a luz na folhagem, que ficou correctamente exposta em detrimento de tudo o resto; na da direita, a medição incidiu sobre uma zona de sombra à direita na imagem, que ficou correctamente exposta, mas o fotómetro compensou a exposição aumentando a quantidade de luz nas outras áreas.
Um exemplo ainda mais inteligível: na primeira imagem (a de cima), apontei a focagem ao arvoredo, que ficou correctamente exposto; na segunda, apontei para o céu e, na última, para a área de sombra no telhado à esquerda. Como se vê, os pontos seleccionados ficaram todos bem expostos, mas a única imagem com uma exposição homogénea é a do meio - e mesmo nesta é visível que o edifício ao centro está sobreexposto.
A medição pontual não é para ser usada em todas as circunstâncias: escolhe-se apenas quando a matricial falha. Não é de uso obrigatório, mesmo para quem insiste - como eu - em fazer tudo manualmente. Esta técnica é importante num sem-número de aplicações: por ex., quando se pretende obter grandes contrastes, reduzindo uma figura à sua silhueta, aponta-se a focagem à parte mais exposta, o que vai provocar uma subexposição da figura e uma exposição correcta da área seleccionada.
O controlo da medição foi, porventura, o ensinamento mais importante que colhi do workshop. Vai permitir-me fazer escolhas que, se usasse apenas a medição matricial, me estariam vedadas, tendo de me contentar com a exposição escolhida pelo fotómetro. As outras técnicas que aprendi são mais específicas, mas vou decerto retirar enorme prazer do panning, que consiste em congelar um motivo causando o arrastamento do fundo. Quem se interessa por Fórmula 1 saberá a que me refiro. Contudo, só o tempo dirá se a propina que paguei foi justificada...
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