Era uma das minhas grandes dificuldades - e ainda é: subtrair o controlo da medição da exposição aos parâmetros do fotómetro. Embora já me tenha referido a esta opção, tenho procurado treiná-la de maneira a obter uma exposição de acordo com as minhas intenções (e não as da câmara).
Torna-se necessário, antes de mais, fazer dois breves esclarecimentos. O primeiro tem que ver com a qualidade do fotómetro da minha câmara, que faz praticamente tudo bem - desde o equilíbrio automático dos brancos até à escolha das tonalidades no modo natural. A E-P1 usa um sistema de medição denominado ESP (Electro-Selective Pattern), que mede a exposição no centro da imagem e em redor do centro separadamente, usando uma grelha de 324 pontos. O sistema é eficaz, mesmo quando comparado com a medição pontual, mas por vezes é insuficiente.
O que nos leva à segunda questão. É importante ter em conta a razão por que as câmaras oferecem as opções de medição. A medição matricial e o ESP - os métodos empregues na maioria das câmaras - podem não conseguir fazer uma medição correcta da exposição em imagens de elevado contraste, pelo que podem surgir exposições muito díspares: o fotómetro privilegiará uma das partes da imagem, optando, normalmente, por uma exposição média. Ou, na pior das hipóteses, pode optar por favorecer a parte da imagem com menos exposição (i. e. mais escura), o que raramente resulta bem porque, quando as partes subexpostas são privilegiadas, as sobreexpostas ganham mais ênfase. E o oposto também acontece, porque ao medir a exposição na parte mais clara da imagem, as sombras tendem a ser acentuadas.
Já referi aqui que por vezes não há uma exposição ideal. Ou temos uma parte da imagem correctamente exposta ou temos a outra. Em certas fotografias, há sempre uma parte da imagem que queremos que fique mais bem exposta que as restantes. Ou podemos querer que um determinado motivo surja como uma silhueta, em lugar de ficar correctamente exposto. É para estes casos que existe a medição pontual. Com esta técnica, asseguramos que a medição da exposição incida apenas num pequeno ponto da imagem.
Ora, ao seleccionar apenas um ponto da imagem, é, em certas circunstâncias, forçoso que o resto da imagem vai ficar com uma exposição que não é aquela que o fotómetro entende ser a correcta. A imagem fica correctamente exposta apenas naquele ponto. Tomemos os seguintes exemplos:
Na primeira imagem, a exposição foi medida na sombra da árvore, que ficou correctamente exposta. O resto, porém, ficou sobreexposto. Por vezes esta medição é de tal maneira prejudicial que se torna necessário compensar a exposição aumentando a velocidade do disparo ou fechando a abertura - e mesmo nestas condições o resultado é uma imagem deficientemente exposta. Na outra imagem, a medição foi feita nas pedras, que surgem bem expostas, mas a árvore e as sombras surgem notoriamente subexpostas. Se tivesse usado a medição ESP, a exposição teria ficado mais homogénea, mas com as luzes altas ligeiramente sobreexpostas.
Naturalmente, a imagem preferível é a da direita. Neste caso, a medição pontual foi usada para corrigir aquilo que seria uma exposição incorrecta se fosse usada a medição ESP - ou, noutras marcas, a matricial.
A medição pontual não é para ser usada a todo o tempo: apenas se deve usá-la quando haja contrastes excessivos que levem a optar por expor correctamente uma das partes da imagem. Em imagens com exposições homogéneas, a medição matricial (ESP nas Olympus) serve perfeitamente, sem mais necessidade de introduzir novas complicações no processo de recolha da imagem.
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