quarta-feira, 29 de junho de 2011

As minhas referências, parte 4

Ansel Adams
Que dizer do homem que fez a fotografia perfeita (acima)? Que dizer do fotógrafo que criou as regras da fotografia paisagística, estabelecendo padrões que ainda hoje são seguidos (v. g. a divisão simétrica pela linha do horizonte quando há reflexos)? Ansel Adams foi tão importante para a fotografia paisagística como Henri Cartier-Bresson para a de rua. Ambos foram pioneiros, visionários que revolucionaram a fotografia. Há uma fotografia antes e depois de HCB, mas há também uma fotografia paisagística antes e depois de Adams. A diferença é que este último, por ter dedicado o essencial da sua obra à fotografia paisagística, tem um âmbito menos extenso que HCB (que, aliás, o precede cronologicamente, embora apenas por alguns anos).
Reparem no enquadramento desta fotografia: há aqui um enquadramento dentro do enquadramento. Eu gosto de tirar fotografias com enquadramentos dentro de enquadramentos sempre que me surge algum motivo interessante. E Ansel Adams foi um pioneiro na sua utilização. Mas, no caso particular desta foto, há ainda a sobreposição de um motivo ao outro, criando um efeito semelhante a uma sombra. Nada menos que genial. Ninguém fazia fotografia assim antes de Ansel Adams!
Hoje em dia, qualquer fotografia bem tirada de uma paisagem se rege pelos princípios que Adams estabeleceu nos anos 40 do Século XX. O que diz tudo sobre a sua importância. A fotografia de paisagem não tem o mesmo conteúdo da fotografia de rua; não há nela uma mensagem, nada que transcenda a pura fruição estética; em regra, não há caras, gestos ou expressões de pessoas (e nós já vimos que as pessoas gostam de ver pessoas nas fotografias). Mas terá ela menos valor e importância? Em meu entender, não. A fotografia de paisagem tem um grau de rigor e exigência técnica que a separa da fotografia de rua, a qual privilegia a espontaneidade. A diferença entre ambos os estilos é a mesma que separa a perspicácia da contemplação. E ambas são necessárias.

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