Foto tirada no modo A, com abertura f 5,6 |
2. Modo A (Aperture): Prioridade à abertura
Por este comando, que nas Canon e Pentax é designado «Av» (Aperture value), o fotógrafo controla a abertura do diafragma e o fotómetro selecciona a velocidade de disparo mais adequada. A abertura é, grosso modo, o modo de fazer variar a quantidade de luz que a lente deixa entrar no sensor. As lentes (ou objectivas: num texto posterior explicarei porque não uso esta última designação) têm um diafragma circular, constituído por diversas lâminas, que controla a quantidade de luz captada abrindo ou fechando as lâminas. A cada posição do diafragma corresponde um número designado por «número f». Quanto mais alto for este número, menor a abertura (*).
Como devem imaginar, uma vez que a fotografia é a captação de luz, a abertura é fundamental para obter boas fotografias. É pelo controlo da abertura que se determina a quantidade de luz que chegará ao sensor, o que tem implicações na focagem e na profundidade de campo. Este modo é um dos mais divertidos de usar, uma vez que permite um efeito extremamente interessante: o bokeh, que consiste em fazer sobressair um motivo do plano de fundo concentrando o foco no primeiro, de modo a que o fundo surja esbatido. (Ver imagem acima). Para obter este efeito, selecciona-se a maior abertura possível, a que corresponde o número f mais baixo (*), e foca-se a câmara no motivo que se pretende destacar. Ao seleccionar a abertura deste modo, estamos a tornar a profundidade de campo mais superficial; ao invés, se queremos manter uma focagem precisa de todos os motivos que compõem o enquadramento, escolhemos uma abertura menor (a que corresponde um número f mais alto (*)), deste modo aumentando a profundidade de campo.
Se isto parece complicado, é porque realmente o é. Teoricamente é simples: se queremos manter tudo em foco, usamos uma abertura pequena e, se queremos destacar o primeiro plano, escolhemos uma abertura maior. Contudo, há aqui variáveis que importa considerar. Antes de mais, quanto menor a abertura, menor é a quantidade de luz, o que pode originar fotografias tremidas porque o fotómetro, para compensar a menor quantidade de luz captada, vai seleccionar uma velocidade de disparo reduzida. Aberturas estreitas tornam obrigatório o uso de um tripé. Outro problema é o de manter a focagem uniforme quando se usam distâncias focais longas, porque as aberturas grandes (valores f diminutos) tendem a manter em foco apenas o ponto que a focagem automática selecciona e a desfocar tudo o resto - o que pode ser interessante se for essa a intenção do fotógrafo, mas é uma desilusão se o pretendido era ter uma imagem bem definida em toda a fotografia. Por outro lado, a abertura, nas lentes com zoom (distância focal variável), depende da distância focal; quanto maior for esta distância, maior é a abertura mínima. Exemplificando, na minha 40-150 o número f é de 4.0 na distância focal mínima (40mm) e 5.6 na máxima (150mm).(**) O que, não sendo excessivamente complexo, é sempre mais uma variável a levar em conta.
Daqui resulta que o modo A seja sobretudo usado quando se quer obter o efeito bokeh.
Daqui resulta que o modo A seja sobretudo usado quando se quer obter o efeito bokeh.
Curiosamente, a solução mais simples para evitar estes problemas é fotografar no modo mais difícil para os principiantes: o modo M (de Manual). Este modo permite ao fotógrafo controlar a abertura e a velocidade de disparo, a despeito de a informação da velocidade de disparo que surge afixada no ecrã começar a piscar freneticamente quando se selecciona uma abertura estreita e uma velocidade de disparo elevada. Mas o modo M fica, por motivos sistemáticos, para mais tarde. Antes disso ainda vamos ver o que acontece quando se selecciona o modo S.
(*) Embora esta relação pareça paradoxal, ela explica-se pelo facto de o número f ser, na verdade, uma fracção: quando nos referimos a um valor f=5.6, estamos a ser incorrectos, uma vez que deveríamos representar este valor como f=1/5.6. Assim já faz mais sentido...
(**) Nas câmaras do sistema Quatro Terços e Micro Quatro Terços, a dimensão do sensor multiplica por dois a distância focal em relação aos padrões comuns, aferidos pelo standard das câmaras de 35mm. Uma lente de 25mm montada numa câmara do sistema Micro Quatro Terços tem uma distância focal efectiva de 50mm - com a vantagem de ser consideravelmente mais pequena.
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