Josef Koudelka
O que me fascinou em Josef K. não foi a perfeição formal - que existe -, nem o mostrar das formas e texturas que o preto e branco permite: foi o facto de ele fotografar a vida de gente real e convertê-la em fotos - ou, se preferirem, em arte. Tinha descoberto, embora sem me aperceber, a essência da fotografia de rua. Mais tarde vim a saber da sua actividade política, da sua faceta de homem livre que documentou a repressão da Primavera de Praga com algumas das fotografias mais expressivas - e, simultaneamente, perfeitas de um ponto de vista técnico - que já tinha visto. Koudelka é o mestre absoluto da composição e do enquadramento; outros parecerão mais cuidadosos nestes aspectos da fotografia, mas na fotografia de rua não há muito tempo para pensar: não se pode montar um tripé e regular o disparador automático num estilo de fotografia que se pretende espontâneo e natural. Conseguir compor e enquadrar nessas condições é algo que só os melhores entre os melhores conseguem.
Não é meu propósito fazer aqui uma biografia de Koudelka: outros fizeram-no bem melhor do que eu poderia fazer. O que quero, com este texto, é exprimir a sorte que tenho em ser alguém com capacidade de apreciar a fotografia de um homem que soube sempre encher as suas imagens de conteúdo, de um fotógrafo capaz de transmitir a sua mensagem através da forma de arte que escolheu.
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