quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Estabilização da imagem

Como é possível não gostar de uma câmara cujos criadores pensaram em tudo? A Olympus E-P1 tem a característica espectacular de poder ser usada com as lentes da série OM, cuja reputação é elevadíssima (e merecida: eu posso confirmá-lo - duplamente). Simplesmente, o simples facto de se poder montar lentes de focagem manual redundaria em muito pouco se não existissem funções para melhorar o desempenho dessas lentes numa câmara digital. Uma delas já mencionei: é a função MF Assist, que amplia uma área da imagem entre 7X e 10X. Outra é a possibilidade de regular o estabilizador de imagem para a distância focal da lente.
Convém esclarecer, antes de mais, que as Olympus são das poucas câmaras com estabilizador de imagem incorporado. Normalmente, a estabilização é feita na lente, o que tem a vantagem de permitir que a lente seja instalada em qualquer corpo, mesmo que este tenha estabilizador de imagem (que pode sempre ser desligado), mas não é mais eficaz. O estabilizador de imagem incorporado na câmara actua provocando um contra-movimento no sensor sempre que é detectado um movimento de amplitude anómala, ao passo que o sistema da lente funciona através de sensores piezoeléctricos de movimento aplicados a elementos ópticos flutuantes, que são ineficazes no caso de movimentos rotacionais, carecendo de um sistema de estabilização suplementar para compensar esta insuficiência. O pessoal da Canikon costuma referir-se desdenhosamente à estabilização no corpo, mas isso faz parte da mania de que sabem tudo e que só a Canon e a Nikon sabem fazer material fotográfico... 
Seja como for, o sistema de estabilização da Olympus é sensor-shift, movimentando o sensor em resposta a movimentos anómalos da câmara, e age em todos os planos (IS1), apenas no horizontal (IS2) ou apenas na vertical (IS3). Isso já eu sabia. O que desconhecia era que a eficácia do sistema pode ser ajustada conforme a distância focal quando se usam lentes de focagem manual, que não transmitem qualquer tipo de informação à câmara. Seleccionando o estabilizador de imagem no menu ou no super painel de controlo, surge uma barra na base do ecrã, na qual há uma quadrícula que permite seleccionar a distância focal da lente utilizada, à qual se acede premindo o botão da compensação de exposição (+/-) no topo da câmara. Esta função não se aplica às lentes «digitais», uma vez que, nestes casos, a câmara calcula qual a operatividade do estabilizador com base na informação da lente. As opções são imensas, incluindo todas as distâncias focais das lentes OM - o que inclui, evidentemente, 28mm e 50mm...
Esta função é extremamente interessante. Com efeito, a intervenção do estabilizador optimiza a relação entre a distância focal e a velocidade do disparo, de modo a que a imagem seja sempre nítida (*), desprovida de distorções causadas pela instabilidade da câmara e da lente quando seguras nas mãos. E as mãos tremem sempre um pouco, mesmo com a DSLR mais ergonómica. Ter estabilização da imagem no corpo da câmara é um benefício enorme, por permitir usar lentes não estabilizadas; que seja também possível ajustar o estabilizador a lentes como as OM é uma prova de que os cérebros em Shinjuku pensaram em tudo.
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(*) Nem sempre: o estabilizador de imagem não funciona no caso de movimentos extremos, e deve ser desligado no caso de a câmara ser montada num tripé, uma vez que pode mover o sensor para contrariar a oscilação causada pelo obturador, o que resulta numa dupla vibração que prejudica a nitidez da imagem.

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