sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ela voltou para mim

Não - apesar de o título parecer sugeri-lo, não vou narrar aqui pormenores da minha vida sentimental. Quem (ou melhor: o que) voltou para mim foi a Vivitar 75-300/f4.5-5.6. A história é simples: a lente estava à venda na FNAC de Santa Catarina (aqui no Porto), onde havia uma vitrina para artigos fotográficos em segunda mão. Os interessados deixavam lá o material que queriam vender e, se surgisse comprador, a FNAC vendia-o e, com um pouco de sorte, entregava o dinheiro ao alienante. Adquiri um cabo disparador nestas condições, embora um pouco mais caro que aquilo que poderia ter pago se tivesse comprado online - e usado.
A Vivitar estava à venda por ser impossível de usar com a E-P1. Foi um excesso de optimismo que me vai perseguir até ao fim dos meus dias. Não posso, por ex., fotografar na vertical com este monstro montado no tripé porque o conjunto começa a descair, por mais que aperte a câmara à placa de fixação do tripé. Mesmo quando fotografo na horizontal é extremamente difícil focar porque o conjunto não é estável: precisava de um anel de fixação ao tripé que, aparentemente, não existe. Usá-la à mão é difícil por causa do peso, da abertura máxima relativamente estreita e, em consequência, da dificuldade em obter imagens que não fiquem tremidas. (Consegue-se, mas não é simples.)
Seja como for, recebi um SMS a informar-me que podia levantar a lente, e fui à FNAC. Descobri que o serviço de vendas em segunda mão tinha sido eliminado. Em lugar de câmaras e lentes vintage, o que havia era... molduras digitais! A verdade é que, mesmo sem a eliminação, dificilmente teria vendido a Vivitar, apesar do preço convidativo (€80,00): aquelas alminhas nunca tiveram a preocupação de colocar um simples papelucho de onde constasse o modelo, as características e o preço da objectiva. Estava pousada numa montra, sem que fosse possível a um eventual adquirente descobrir que lente era aquela.
A FNAC (pelo menos a de Santa Catarina) é isto: acabam com a venda de artigos em segunda mão, tal como já antes tinham acabado com a alta fidelidade - agora é só audiovisual - e se preparam para acabar com o vinil, que está confinado a um espaço que deve corresponder a 1% (talvez menos) dos expositores de música. Completamente subjugada aos gostos do povo - se me perdoarem o aparente elitismo. É o progresso, dirão alguns. É a estupidez, a ganância e a cegueira, digo eu. Um dia ainda vou entrar na FNAC de Santa Catarina, e verificar que estão a tocar o Ai Se Eu Te Pego (ou qualquer bosta desse género) aos berros. Pois se é isto que o povo (ou aquilo que entendem ser «o povo») gosta...
Pode não ter sido inteiramente mau voltar a ter a Vivitar: afinal, esta é uma lente que permite obter uma profundidade de campo espantosa quando montada na E-P1. Esqueçam «bokeh»: esta objectiva faz desaparecer o plano de fundo! Um dia destes vou experimentá-la no Jardim Botânico: fotografar flores com esta lente deve ser sensacional - pelo menos enquanto tiver força nos braços para a segurar.

1 comentário:

grouchomarx disse...

Eu compro todo o material vintage desse tipo online,no ebay.co.uk e nem me passa pela cabeca comprar na FNAC, dada a imensa diferenca de precos (para quem compra) ou de procura (para quem vende)!
E' um mercado muito mais liquido e eficiente, q nao tem comparacao possivel, pelo que quer a comprar quer a vender, se vai muito melhor servido (em especial a vender, penso eu).

Tenho e' como regra nao vender nada fora da europa (vendi para a asia e deu confusao) e tb por principio nao comprar nada fora da UE (excepto pequenos acessorios que so existam nos EUA ou Asia)
grouchomarx