quinta-feira, 7 de junho de 2012

DxO Optics Pro, v7.5: o teste (3)

Parte 1
Parte 2

A caixa «Geometry», na qual os laboratórios DxO aplicam mais alguns dos ensinamentos resultantes do seu estudo e conhecimento de cada corpo e de cada objectiva, é aquela na qual são corrigidas as distorções ópticas da lente - embora, se o programa reconhecer esta última, o recurso a este comando seja desnecessário - e a imagem é nivelada e cortada.
Quanto à correcção das distorções ópticas da lente, convém ter em mente que este é um daqueles programas de desenvolvimento de ficheiros RAW que mostram a imagem sem a correcção que porventura seja feita pelo processador da câmara. No meu caso, usando a E-P1 com a pancake de 17mm, as distorções ópticas passam despercebidas quando fotografo em JPEG, porque a correcção é feita pela câmara, mas comparar o original com a imagem automaticamente processada mostra um nível de distorção a caminho daquele que é produzido pelas fish-eye. O que significa que a Olympus e a Panasonic têm produzido lentes de fraca qualidade óptica, apoiando-se na qualidade da correcção da câmara para disfarçar os defeitos das objectivas. A palavra batota vem-me à mente. Em qualquer caso, a correcção automática do Pro 7 resolve o problema de forma instantânea e satisfatória.
Muitas vezes a correcção da distorção de barril típica das grande-angulares leva a que as figuras presentes nas extremidades esquerda e direita da imagem fiquem distorcidas, com resultados absolutamente grotescos como cabeças de pessoas grosseiramente alongadas no sentido horizontal, ou bolas de futebol com forma de bolas de râguebi... O Pro 7 corrige esta distorção através de um comando que corrige a anamorfose de volume, recuperando formas esféricas e cilíndricas situadas nos extremos da imagem. Recomendo que se use esta correcção sempre que se usem distâncias focais de grande-angular, de maneira a repor o volume que se perde com a correcção da distorção: esta ferramenta é extremamente poderosa e inteligentemente concebida.
O nivelamento e o corte são muito semelhantes, nas suas funcionalidades, ao que o Lightroom oferece. Simplesmente, o Pro 7 tem uma abordagem mais inteligente ao corte de imagens que foram niveladas, já que, por defeito, mantém a relação de aspecto da imagem. E o corte é feito em função da informação obtida com o nivelamento da imagem. Isto significa que acabaram as imagens com cantos negros. E o mesmo acontece na correcção da distorção, em que a relação de aspecto também é preservada. Uma imagem com a distorção de barril corrigida no Lightroom pode aparecer com volumes elípticos a negro nos quatro lados da imagem - já me aconteceu! -, mas no Pro 7 é impossível que isto suceda. Em todos os demais comandos, o Pro 7 é mais ou menos idêntico aos outros programas de edição da imagem: esta pode ser corrigida na vertical ou na horizontal e podem forçar-se linhas paralelas.
Um lamento é que não seja possível transformar uma imagem horizontal em vertical mantendo a relação de aspecto. É muito frequente fotografar um objecto na horizontal e, quando abro a imagem, descobrir que aquele ficaria muito melhor se a fotografia fosse vertical. No humilde Olympus Viewer 2, basta-me especificar a relação de aspecto (por ex. 3:2) e carregar no centro da área de corte para ficar com uma fotografia 3:2 vertical. Depois é só arrastar a área de corte para a zona da imagem que quero transformar numa fotografia vertical. Claro que posso cortar a imagem no Pro 7 transformando-a numa vertical, mas perco a informação de relação de aspecto, tendo de confiar no olhómetro para manter as proporções correctas.  
Outra originalidade deste programa (que, como já referi pelo menos por duas vezes, se apoia nos dados coligidos com os testes DxOMark) é a possibilidade de definir a distância focal, nos casos em que esta não é assumida automaticamente, e também a distância de focagem, de algumas dezenas de centímetros até ao infinito. Isto torna-se necessário sempre que se usam lentes que não constam da base de dados DxOMark ou quando a distância focal empregue é equívoca (por ex. 17,5mm).
A última caixa das funções de correcção chama-se «Detail»; compreende, logo no início, um comando denominado «DxO lens softness». Com isto é recuperada a nitidez que a lente não é capaz de resolver por razões da sua própria concepção. Já mencionei que os laboratórios DxO conhecem as deficiências de cada objectiva analisada, e os parâmetros de correcção baseiam-se nesse conhecimento, pelo que este ajuste não é genérico, universal, mas adaptado a cada lente. Este comando corrige a perda de nitidez, mas não recupera fotografias desfocadas nem dá nitidez ao desfoque resultante da escolha de uma profundidade de campo reduzida (i. e. o bokeh). Há três ajustes: o global, o pormenor e o bokeh. Acresce que o controlo do bokeh - ao contrário do que me sucedia com frequência no Lightroom quando afinava a nitidez da imagem - não introduz aberrações nas áreas desfocadas.
Este comando é mais uma manifestação do enorme savoir-faire da DxO e da forma como a quantidade maciça de informação recolhida sobre cada objectiva e cada corpo é empregue para elaborar os parâmetros de correcção. Os resultados da aplicação desta correcção são de tal maneira satisfatórios que me levaram a repensar os meus conceitos acerca da edição de imagem. Nenhum dos programas que experimentei faz o que o Pro 7 consegue fazer - mas também é verdade que nenhum outro produtor de software de edição de imagem tem uma base de dados comparável à dos laboratórios DxO, nem a sua metodologia de testes. A genialidade do Pro 7 está, como mencionei, em tratar a imagem de acordo com o uso conjunto de uma dada objectiva com um certo corpo. Os módulos DxO compreendem praticamente todas as conjugações possíveis: Canon-Tamron, Nikon-Tokina, Canon-Sigma, Olympus-Panasonic, Panasonic-Voigtländer, etc. E a lista de módulos engrossa a cada actualização do programa.
Outros comandos deste menu são o unsharp mask, o ruído e as aberrações cromáticas. O primeiro é, de longe, o menos agressivo, e o que menos prejudica a qualidade da imagem, que já experimentei. Contudo, deve ser usado com cuidado, uma vez que o uso do contraste local ou do DxO lens sharpness em conjunto com o unsharp mask pode levar a exageros e, se não se tiver cuidado, ao surgimento de halos inestéticos à volta dos objectos, num oversharpening que pode ser visível em impressões de grande formato.
A correcção das aberrações cromáticas do Pro 7 é simplesmente brilhante. O mais interessante, neste comando, é que não é necessário usá-lo se o módulo que compreende a câmara e a lente estiver instalado, uma vez que as aberrações são corrigidas automaticamente mal se abre a imagem na área de trabalho. O resultado pode ser visto quase imediatamente, bastando clicar com o botão esquerdo do rato sobre a imagem para comparar a imagem original com a corrigida: as aberrações cromáticas desaparecem por completo. Já referi muitas vezes que a Pancake 17mm tem, entre os seus defeitos, o de produzir um volume apreciável de aberração cromática, mas ao ver uma imagem processada com o Pro 7 dificilmente se acredita que esta objectiva tenha esse problema de concepção. Claro que também é possível a correcção manual para as lentes não identificadas pelo software, assim como são corrigidos (também manualmente) outros tipos de aberrações, incluindo o purple fringing. (Continua)

Parte 4

Sem comentários: