sábado, 24 de dezembro de 2011

Balanço do ano, 2

Continuando o exercício de narcisismo solipsista (ou será solipsismo narcisístico?) começado ontem, mostro-vos agora três fotografias que conto entre as melhores que fiz em 2011:
Adoro fotografia de rua. Embora ainda não me tenha encontrado como fotógrafo - nunca soube responder à pergunta básica que tipo de fotografia preferes? -, a fotografia de rua pode ser particularmente recompensadora. É o caso desta aqui: é a fotografia mais humana que fiz até hoje. É a minha pequena obra-prima. Deixei-me fascinar pela comunhão entre estas três pessoas (decerto mãe e filhas), pelo sorriso maravilhoso da criança e pelo olhar ligeiramente enigmático da rapariga à esquerda. Alguém sugeriu, depois de ter publicado esta foto no Facebook, que devia cortá-la, de maneira a excluir a rapariga à esquerda e concentrar a atenção na criança. Outra pessoa, Michiel Fokkema, comentou que "toda a gente tem fotografias sem a rapariga à esquerda". A rapariga à esquerda ficou. E ainda bem: considero o olhar dela ainda mais interessante que o sorriso da criança - por muito cativante que este seja.
Talvez esta seja a minha melhor fotografia. Quando ando pela Internet à procura de artigos sobre a Olympus E-P1, encontro sistematicamente comentários mordazes quanto ao tamanho do sensor e ao consequente ruído que invade as fotografias. Devo ser um génio, porque consigo fotografar à noite com esta câmara sem que o ruído destrua a imagem... Esta fotografia foi tirada em Amarante no dia 30 de Julho de 2011 e é o resultado de um planeamento exaustivo e cuidadoso: estudei o melhor lugar, a melhor hora e as melhores configurações da câmara para obter este resultado. Valeu a pena: esta é uma das fotografias de que sinto maior orgulho. Apenas lamento ter de a mostrar com um texto por cima, para prevenir eventuais usurpações - mas, como referi ontem, ela pode ser vista no meu Flickr. Intacta.
De novo a fotografia de rua. Este tipo de fotografia exige reacções extremamente rápidas e uma atenção particularmente desperta. Se o rapazito à esquerda não tivesse os olhos fechados, a fotografia seria de uma cena de rua banal, sem qualquer interesse especial. Tive sorte - ou estava atento, não me lembro. É pena que as figuras de fundo estejam excessivamente expostas, mas não pude fazer nada para o evitar. Nem a medição pontual ajudaria: se tivesse focado no rapaz, o segundo plano ficaria sobre-exposto; se tivesse focado o fundo, o músico e o miúdo surgiriam demasiado escuros. De resto, neste tipo de fotografia não há tempo para medições pontuais.

Sem comentários: