domingo, 4 de março de 2012

Manual das aberrações fotográficas (1)


Por vezes o prazer de fazer uma boa fotografia é totalmente arruinado quando a descarregamos no computador e verificamos que a imagem foi conspurcada por anomalias: o poste que ficou curvo, a franja púrpura que envolve o ramo, a perda de nitidez e contraste no plano de fundo, etc. Hoje proponho-me analisar estas anomalias, que podemos englobar sob a denominação de aberrações, e saber se podemos fazer alguma coisa para as eliminar.
Deve, antes de mais, assimilar-se a noção introdutória de que a maior parte destas aberrações tem uma natureza óptica. Por outras palavras, são causadas pela lente. Deste modo, podem ser subsumidas a defeitos de concepção dos elementos ópticos, não restando outra solução que não seja a de mudar de lente para as corrigir.
Vejamos, pois, quais são as principais aberrações fotográficas.
A primeira, que surge nesta ordem pelo seu carácter insidioso, é o ruído. Como já me referi a esta aberração neste blogue, remeto para o respectivo texto, que pode ser encontrado aqui. Felizmente, esta é uma das poucas aberrações que podem ser atenuadas pelo fotógrafo antes do momento do disparo, fazendo uso de sensibilidades ISO reduzidas, usando um tripé quando requerido e procurando usar velocidades de disparo adequadas.
Pincushion distortion
Distorção de barril
A distorção geométrica é, porventura, a mais infame das aberrações fotográficas. Quando se fotografa com distâncias focais curtas, assume o nome, traduzido literalmente do inglês barrel distortion, de «distorção de barril». Esta aberração resulta de erros de concepção da lente, cujos grupos ópticos não são corrigidos de maneira a obter resultados lineares. Manifesta-se na curvatura centrífuga das linhas direitas, o que é especialmente notório nas linhas verticais. As lentes fisheye acentuam esta curvatura propositadamente, sendo possível obter imagens interessantes, mas em lentes normais este efeito é indesejável. Pode, contudo, ser corrigido com o software que acompanha a câmara ou em programas de edição de imagem. Algumas câmaras incorporam este software de correcção: é o caso das Olympus, nas quais esta aberração nem sequer é vista no ecrã ou visor, a despeito de estar presente em lentes como a 17mm Pancake e mesmo com a nova 12mm/f2.0. Nas distâncias focais longas ocorre o fenómeno inverso, que é o da distorção centrípeta das linhas direitas – denominado, em inglês, pincushion distortion –, que pode igualmente ser corrigido na pós-produção.

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