quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Telescopia (2)

Pormenor da casa do vizinho de frente...
A Vivitar 75-300 tem uma indicação enganosa no aro da lente: «macro focusing lens». Esta não é uma lente macro. Na verdade, chamar «macro» a uma lente cujo plano focal mínimo é de 95 centímetros é um disparate. O que ela produz, em contrapartida, é close-ups muito bons, cheios de pormenor e com uma resolução extraordinária, como se pode aferir pela fotografia do meu gato publicada no texto de ontem.
Esta é uma lente extremamente exigente em termos de manuseamento: antes de mais, por ser extremamente pesada. É virtualmente impossível obter um máximo de nitidez segurando o conjunto câmara-lente na mão. Contudo, importa fazer uma ressalva para dizer que a resolução e a nitidez são muito aceitáveis quando se fotografa sem tripé: por vezes só se detecta o arrastamento produzido pelo tremor das mãos quando se fazem ampliações. Tenho a certeza que este resultado surpreendente se deve ao estabilizador de imagem incorporado na E-P1. Já referi aqui que a estabilização da imagem pode ser ajustada à distância focal quando se usam lentes de focagem manual; nas fotografias que fiz ontem, ao experimentar a Vivitar, regulei a distância focal para 300mm e o resultado é superior ao obtido com a lente (de focagem automática) 40-150, com muito menos arrastamento apesar do peso superior e das dimensões colossais.
A 20 metros de distância (sem cropping)
O outro problema é, como já mencionei, a abertura. Com esta lente nunca vou poder fotografar no lusco-fusco, e muito menos à noite. Mas também não poderia fazê-lo com nenhuma outra lente com esta distância focal, a menos que vendesse todos os meus bens e comprasse uma Canon EF (daquelas brancas que os fotojornalistas usam...). A Olympus 75-300 para micro 4/3 tem valores de abertura máxima de f4,8-6,7, o que é mais lento que a Vivitar - especialmente na distância focal máxima.
Há um terceiro problema: não estou habituado a fotografar à mão com lentes tão pesadas, o que é agravado por alguns problemas neuromusculares que me ficaram no braço esquerdo por causa de uma hérnia na coluna cervical. Terei de praticar muito e descobrir uma maneira de estabilizar o braço e a câmara, o que poderia ser mais fácil se tivesse um visor - mas este é um problema inteiramente subjectivo com o qual nem sequer devia ter maçado o leitor.
A mais de 150 metros de distância, sem tripé
Ainda é cedo para avaliar o meu grau de satisfação com esta lente, mas, pelo que já pude aferir, vou tirar bom partido dela. Seria injusto apontar grandes reparos a uma lente tão capaz e que me custou tão pouco: há meses experimentei uma lente Sigma com a mesma distância focal e, embora o preço que pediam fosse substancialmente inferior, estava em péssimo estado - o pára-sol deslizava livremente e o revestimento de borracha do anel de focagem estava muito deteriorado - e a resolução e nitidez da imagem pareceram-me inferiores às da minha lente (que, diga-se, está em perfeito estado de conservação). Decerto não vou chorar o dinheiro que paguei a mais pela Vivitar.

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