sábado, 21 de janeiro de 2012

Outra vez a medição pontual

Hoje consegui chegar a um entendimento com o fotómetro da minha câmara, esse tirano insuportável que habita todas as máquinas fotográficas e tem a mania que sabe mais de fotografia que todos os fotógrafos. No caso das Olympus, o fotómetro é uma espécie de déspota esclarecido, já que o sistema ESP, que divide a imagem em 324 segmentos para medir a exposição, funciona bem na maior parte dos casos, mas por vezes é difícil convencê-lo que quero que um determinado objeto surja como uma silhueta, e não corretamente exposto (ou o que ele entende como tal).
O gozo de ter uma câmara evoluída está na possibilidade de fazermos as fotografias como as queremos, e não como o fotómetro quer. Por vezes não tenho interesse em que toda a imagem surja corretamente exposta; outras vezes a medição do fotómetro falha redondamente. É neste tipo de casos que se deve usar a medição pontual.
Como comecei por referir no início, antes de começar a tergiversar, hoje consegui usar a medição pontual para fazer fotografias de acordo com a minha intenção, e não só por que sei usá-la. Na maioria dos casos a medição pontual não é necessária, mas há condições de luminosidade que quase a tornam obrigatória.
Vejamos, pois, como se faz. Antes de mais, convém ter a noção que a exposição é medida num ponto extremamente pequeno - cerca de 1% da área da imagem. Esse ponto surge no centro da imagem, pelo que devemos apontar a câmara para a área da imagem que queremos corretamente exposta de maneira a que esta surja no centro do visor ou ecrã e regular aí a exposição - mesmo, note-se bem, que essa área não fique no centro do enquadramento que queremos fotografar. Com a câmara apontada de maneira a que o objeto que queremos corretamente exposto fique no centro (pois é aí, no centro, que o fotómetro mede a exposição), regulamos a abertura e a velocidade de disparo até que o fotómetro indique 0 (zero) na régua que surge na base do visor ou no ecrã. Depois reenquadra-se a imagem. É possível que, uma vez deslocada a câmara do ponto onde a exposição foi medida, o fotómetro indique que a imagem está sub ou sobreexposta. Isto acontece porque o ponto de medição foi também deslocado, mas deve manter-se o valor de exposição obtido. Exemplificando: na foto acima, com a igreja abandonada em primeiro plano, a exposição foi medida na parte da imagem onde ficou o céu. A medição matricial (ESP) tendia a deixar o céu branco, mas o que eu queria era exatamente o que a foto mostra: a igreja como silhueta e o céu com a cor correta.
Por vezes a informação do fotómetro pode indicar que a exposição está incorreta em mais de 2 EV. Se, porém, se tentar corrigir a exposição, a zona que deveria surgir sombreada vai aparecer bem exposta, mas o resto da imagem vai ficar sobreexposto. E não é apenas o detestável céu branco: é toda a imagem que fica sobreexposta, menos a área onde a exposição foi medida. Como neste exemplo:
Neste caso, a imagem da ponte Luiz I (ou D. Luís) ficou bem exposta, mas o céu ficou branco. Esta fotografia ficou tão irreal que resolvi transformá-la numa imagem a preto-e-branco, na qual a abstração do elemento cor e o contraste lhe conferem o interesse que perdera pela deficiência da exposição.
Como se pode ver, a medição pontual não é apenas um truque usado por fotógrafos que dominam a técnica fotográfica como se fosse algo de esotérico. É uma função que pode ser utilíssima e que não é assim tão difícil de aprender. Em súmula, aponta-se a câmara à área que se quer corretamente exposta, regula-se a exposição, reenquadra-se e dispara-se. Não sei o que tem isto de complicado. Também não sei por que precisei de um workshop para o aprender...

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