No sábado fui fotografar a estação do metro da Lapa, depois de ter lido referências elogiosas na Lonely Planet aos graffiti lá pintados. Os graffiti não são lá grande coisa, e só tirei duas ou três fotografias decentes. O que me afligiu mais, porém, não foi a pobreza da imaginação dos pintores de paredes - foi o frio. Estava um frio de rachar: fiquei com os dedos gelados. De repente, a existência de luvas especiais para fotografia, ideia que outrora me pareceu ridícula, começou a fazer sentido.
Decidi procurar essas famosas luvas para fotografia. A Colorfoto estava fechada para balanço, pelo que caminhei um pouco mais e fui à AFF. As ditas luvas, pelo que me confirmaram, existem, e são da Lowepro (hoje está a dar-me para a publicidade, mas faço-a a quem a merece), mas não havia nenhumas para venda. Como andava descontente com a performance do meu tripé, procurei informação com vista a um futuro upgrade, embora não esperasse fazê-lo tão cedo. Nem estava nas minhas cogitações comprar um tripé e uma cabeça separados em vez de um kit, mas aquilo que me mostraram era absolutamente irresistível: um tripé em fibra de carbono e uma cabeça de esfera por um preço difícil de acreditar. Acabei por adquirir ambos. Eu não quero gastar quinhentos euros num tripé e, para ter um tripé de qualidade equivalente da Gitzo ou da Manfrotto, teria de desembolsar essa quantia. Ou mais. Resolvi aproveitar. Dito de uma forma simples, entrei numa loja para comprar umas luvas e saí de lá com um tripé!
O tripé e a cabeça são da mesma marca: Triopo. Num universo onde as marcas absurdas predominam (Gitzo?, Manfrotto?, Benro?), este é apenas mais um nome grotesco. Triopo. Nunca tinha ouvido falar. Ainda estou para saber se é uma marca chinesa ou polaca, uma vez que o único website disponível é em polaco, e de um domínio também polaco. (Há um website da marca no domínio .cn, mas não se consegue carregá-lo.) Adiante. Quando me mostraram o tripé, de modelo GE-3232X8C, fiquei impressionado. A qualidade de construção é mais que razoável, e é engenhoso: uma das pernas pode ser desatarrachada para funcionar como um monopé, a coluna central inverte - o que é bom para quem fotografar macro - e tem um gancho no fundo para pendurar um objecto pesado, de maneira a dar ainda mais estabilidade. Não que seja estritamente necessário: o tripé podia suportar um terramoto sem que a câmara movesse um milímetro. É sólido - incrivelmente sólido - e muito estável. As pernas são constituídas por cinco elementos que, quando totalmente estendidos, fazem com que o tripé atinja 1,90 m - e este modelo ainda traz, como extra, uma barra de 20 cm para aumentar a altura! -, e podem ser abertas em diversos ângulos. Este não é um tripé para usar com as secções inferiores estendidas: manter as duas últimas retraídas dá uma altura confortável e acrescenta à estabilidade.
Sendo construído com fibra de carbono (a construção das pernas, a fazer fé na tradução patética do Google, é de oito camadas de fibra), seria de esperar que fosse bastante leve, e é: este é um tripé que se levanta com um dedo. Mas é também incrivelmente rígido e estável. E muito robusto: a carga máxima é de 15 quilos. As partes metálicas, como as articulações das pernas e a manga da coluna central, são de magnésio. Os meus únicos lamentos são o facto de não ser particularmente simples de armar, a falta de um manual de instruções ou sequer de um folheto explicativo, e que as molas que prendem as secções das pernas sejam de plástico, não oferecendo a mesma resistência, ao abrir ou fechar, que as do meu anterior Manfrotto. Preferia que as secções fixassem por roscas, mas por este preço talvez fosse pedir demais. Quando fechado, o tripé mede apenas 47 cm de altura, o que o torna altamente transportável. O tripé não é particularmente belo - nem este factor é importante num acessório destes -, mas o estriado da fibra de carbono confere-lhe um ar altamente sofisticado. O tripé é descrito - na caixa, em letras garrafais - como «profissional», mas este parece ser o modelo base da gama de fibra de carbono da Triopo. O que leva a imaginar como será a qualidade dos modelos superiores.
Como já mencionei, deve evitar-se estender as pernas por completo. Se for necessária uma grande altura, estender quatro das cinco secções é mais que suficiente. Quando as pernas estão na sua máxima extensão, surgem algumas vibrações que, embora não sejam tão graves como as do meu anterior tripé, cujas pernas vibravam como as cordas de um contrabaixo, são contudo consideráveis, podendo afectar a estabilidade da câmara. E a coluna central é para manter rebaixada, já que, quando estendida, eleva substancialmente o centro de gravidade e potencia vibrações indesejáveis. Contudo, este é um tripé que concretiza um compromisso excelente entre peso e estabilidade, graças à sua rigidez extrema.
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