Hoje tive nas mãos uma câmara exactamente igual à da imagem acima, cortesia do meu amigo Vicente. Uma Nikon D7000 com uma lente 18-105. Não me intimidou: rodei o botão selector de modo para M, e descobri intuitivamente como se regulavam a abertura e a velocidade do obturador, assim como aprendi facilmente a consultar o valor de exposição (que é uma régua, e não expresso em algarismos como nas Olympus). Com umas consultas ao manual, creio que poderia dominá-la rapidamente. Estou absolutamente certo de que é uma grande câmara. O único defeito que detectei foi quanto à ergonomia, uma vez que o dedo médio da mão direita não encaixa lá muito bem na pega, mas esta é de dimensões muito confortáveis. Nem sequer me preocuparam as questões estéticas, às quais atribuo grande relevo: quando se tem um olho no visor e o outro fechado, a estética deixa de ter importância. Não posso dizer que senti inveja, ou aquela sensação deprimente que se tem quando experimentamos algo que não está ao nosso alcance: apenas que temos abordagens diferentes quanto ao equipamento. Eu aceito um ligeiro compromisso, trocando um pouco de resolução absoluta por mais portabilidade e prazer estético, o V. vai em busca do melhor material que pode obter. Não me resta qualquer dúvida que a Nikon é superior à minha E-P1, mas estou satisfeito com o material que tenho (excepto o tripé...) e, com as lentes que tenho, não me parece que fosse uma boa ideia adquirir uma DSLR. Não quero ser um coleccionador de câmaras: basta-me uma. (Já as lentes é outra questão...)
Há dias namorei uma outra reflex, desta vez a Canon 60D, que tinha a particularidade de trazer uma lente muito promissora: a 17-55 USM, com abertura constante de f2.8. Por um preço deveras interessante, diga-se. Era um negócio que eu faria de imediato, se tivesse o dinheiro necessário e muita vontade de adquirir uma câmara daquelas. Já escrevi aqui sobre esta câmara, e afirmei que seria a câmara que adquiriria se quisesse uma reflex e tivesse dinheiro para investir num corpo que ronda os €1000.
As câmaras reflex, ou DSLR, têm uma vantagem enorme em relação à minha: o visor óptico. Compor a imagem através de um visor que vê o mesmo que a lente é uma vantagem considerável em relação a compor num ecrã LCD. E é também benéfico do ponto de vista ergonómico, uma vez que permite uma posição mais estável e menos cansativa que segurar a câmara à distância: sempre é um apoio suplementar. Os problemas das DSLR são as suas dimensões e o preço das lentes. Comprar uma grande câmara para depois a usar com lentes como as 18-55 que habitualmente se adquirem conjuntamente com o corpo seria um disparate, e seguir a via de adquirir lentes usadas, como faço com a Olympus, não faria sentido porque não aproveitaria o grande benefício de uma DSLR - a rapidez.
Outro inconveniente é o facto de as DSLR poderem vir a tornar-se obsoletas muito em breve. Os progressos feitos com as mirrorless levam-me a crer que as reflex poderão ser ultrapassadas em benefício de câmaras muito mais pequenas e manuseáveis. A Sony NEX-7 e a futura FujiFilm X-Pro1 são câmaras que vão fazer evoluir o conceito mirrorless - especialmente a Fuji, se for confirmado que vai ter um visor híbrido (comutável entre óptico e electrónico). E diz-se que a Olympus está a preparar uma câmara micro 4/3 com um visor incorporado. Não tenho dúvidas que o futuro está nas mirrorless, e que as DSLR se resumirão em breve ao mercado das câmaras profissionais e semiprofissionais.
Voltando à Nikon do V.: a facilidade com que a manuseei, ao invés de me fazer invejá-la, fez-me perceber que a E-P1 é uma boa câmara que faz praticamente tudo o que uma reflex faz. A minha câmara ensinou-me a fotografar e fez-me aprender a controlar uma câmara, por mais complexa que esta seja. Não estou disposto a trocá-la tão cedo e, mesmo que a vida me permita adquirir uma câmara melhor - fantasia recorrente que embate sempre na questão e eu preciso de uma câmara melhor? -, quero mantê-la enquanto ela durar. É uma câmara bonita e divertida de usar. E, acima de tudo, é uma máquina fotográfica extremamente competente e capaz de imagens de enorme qualidade. Sinto-me preso a ela por um vínculo ainda mais forte que o matrimónio!
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