Depois da sessão fotográfica de ontem, que implicou caminhar alguns quilómetros pela escarpa íngreme da Serra do Pilar, concluí, com alguma apreensão, que o saco que estava a usar para transportar o equipamento já não servia para tanto peso e quantidade: cinco lentes - das quais duas tinham de coabitar o mesmo compartimento por causa da escassez do espaço -, um tripé e a sua pesadíssima cabeça, a câmara, o adaptador - era demasiado peso para um saco de uma só alça. A região cervical ficou afetada, causando-me alguma dor - e eu fui operado a uma hérnia nessa zona: não quero ter outra hérnia, muito menos por causa de uma actividade que prossigo por prazer.
Tive de comprar um saco novo, e optei por uma mochila. As mochilas são o meio menos prejudicial para transportar pesos elevados, já que são o que distribui melhor o peso. O excesso de carga, quando recai apenas num dos lados, pode, a médio ou longo prazo, causar danos irreversíveis na coluna vertebral. Nem todo o amor pela fotografia pode justificar o sacrifício da higiene postural e o compromisso do bem estar físico. A mochila não é o ideal - pode conduzir à cifose no caso de abuso extremo -, mas é o menos mau. Requer, evidentemente, um enorme cuidado postural, mas é o meio mais confortável e equilibrado de transportar cargas pesadas.
Esta era uma despesa que queria por força evitar, mas tornou-se incontornável. Pagar o preço da mochila fez-me pensar se não terei ido longe demais nas minhas aquisições de equipamento, e se não terei exagerado na compra de lentes para um formato (micro 4/3) tão recente, que pode até ser abandonado pelos seus fabricantes se estes se convencerem que as suas câmaras e lentes não estão a vender conforme as previsões. Em todo o caso, não prescindo de ter todas as lentes à minha disposição quando vou fotografar: nunca sei, ao certo, de que distâncias focais vou precisar. Por exemplo, na sessão de ontem usei três lentes: uma grande-angular, uma standard e uma teleobjetiva.
A mochila que adquiri é uma Lowepro. É concebida para DSLRs equipadas com lentes pesadas, o que significa que é algo desproporcionada para uma câmara tão pequena como a E-P1 - mas, como se pode ver na imagem acima, quase não sobra espaço para mais nada. (O espaço vazio no meio é o lugar reservado à câmara.) Esta mochila tem a vantagem de o compartimento para o equipamento ser modular, podendo ser adaptado através de um sistema engenhoso de separadores almofadados, que podem ser ajustados ao tamanho do equipamento através de uma fixação por fitas velcro. Há inúmeros espaços para arrumação de objetos, como por ex. cartões de memória ou o cartão branco que uso para ajustar o equilíbrio dos brancos. Esta é uma mochila que vou poder continuar a usar se um dia sentir necessidade de evoluir para uma reflex, o que me poupará uma despesa suplementar.
O aspeto que me levou a escolher esta mochila é o facto de acomodar o tripé bem centrado, evitando que a carga incida sobre um dos lados (como acontecia com o saco que usei até ontem). O ideal seria transportá-lo no interior da mochila, mas tal implicaria um saco enorme, o que redundaria num exagero grosseiro. Quem imaginou este saco é esperto: da base da mochila sai uma extensão que permite o transporte de tripés compridos, segurando-os com firmeza. A mochila pode ser revestida com uma capa impermeável e - o que é mais importante - é bem concebida quanto à ergonomia: as alças são almofadadas, ajustáveis e muito confortáveis, enquanto a parte traseira tem um apoio lombar que ajuda a manter uma postura correta.
Onde quero chegar, com este texto aparentemente desinteressante e solipsista, é à necessidade de um bom saco para transportar e acomodar o equipamento. Tal como aconselhei quanto à câmara e ao tripé, deve adquirir-se o melhor saco possível, desde que este seja adequado às necessidades e à quantidade de equipamento. Comprar um saco que aparentemente exceda as necessidades pode não ser absurdo se se tiver em mente a possibilidade de adquirir mais equipamento no futuro, caso em que se poupará a despesa de comprar um saco novo. Devem procurar sacos especializados para material fotográfico. Há uma enorme variedade de modelos, de diversos fabricantes: Think Tank Photo, Delsey, Case Logic, Manfrotto, Lowepro, Hama, entre outros. Usar mochilas escolares ou desportivas não assegura um bom acondicionamento do material. O saco deve ser modular e fornecer espaço suficiente, de maneira a que todo o equipamento fique bem acondicionado: transportar duas lentes no mesmo compartimento pode causar-lhes danos. Tem de ser devidamente almofadado, devendo o revestimento ser num material que não solte poeiras. E, acima de tudo, deve ser ergonómico, confortável e permitir uma distribuição equilibrada do peso. Sacos para usar a tiracolo não satisfazem este requisito, que é de longe o mais importante quando se tem de transportar muito equipamento. No meu caso, são cinco quilos de equipamento (saco incluído). É muito peso, mesmo se o sistema micro 4/3 tem a vantagem de permitir o fabrico de lentes e câmaras mais pequenas que as dos sistemas reflex. Fotografar é um prazer: não tem de ser um suplício, nem prejudicial para a saúde. Este é um aspeto que tem de ser tomado em consideração quando se compra um saco.
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