Tenho pena que o DxO Optics Pro não seja o adequado para a minha câmara. E ainda mais pena tenho de que seja capaz de aberrações tão grotescas e intoleráveis como os pontos luminosos que mencionei e ilustrei no texto anterior. O Pro 7 faz-me lembrar os meus tempos de audiófilo, em que lia ensaios sobre equipamento de alta fidelidade, e das críticas que eram feitas ao equipamento de proveniência francesa, especialmente às colunas de som da Focal (ex- JM Lab), Triangle, BC Acoustique e Cabasse: muito pormenor, som de uma nitidez inacreditável, manchado por agudos límpidos, mas insistentes ao ponto de furar os tímpanos. Aqui, em lugar dos agudos, temos umas altas luzes insistentes que raramente se conseguem corrigir de modo satisfatório. É certamente uma questão cultural: os franceses parecem gostar de tudo muito brilhante, muito cintilante.
Este tempo que perdi a comparar os dois programas fez-me ver a fotografia de maneira diferente. O RAW, que uso em exclusivo desde há quase um mês, tem a seu favor um potencial de resolução incrível, mas ao apresentar a imagem sem qualquer tratamento pelo processador, esta surge com todo o ruído de que o sensor é capaz.
Isto levou-me a questionar se faz algum sentido fotografar em RAW com uma E-P1, ademais quando as câmaras da Olympus têm um processamento dos JPEGs que é unanimemente elogiado. Talvez a minha busca pela maior qualidade da imagem possível me tenha levado longe demais, para territórios muito afastados da simplicidade que pretendi que as minhas fotografias tivessem. Afinal de contas, quando fiz as fotografias que mandei imprimir - e que são um êxito em termos de qualidade da imagem -, apenas fotografava no formato JPEG. E obtinha imagens livres de ruído, de uma resolução que, embora não se traduzisse em megabytes, era contudo excelente - como, de resto, as referidas impressões comprovam. Hoje, depois da experiência RAW e do contacto com dois programas de edição de imagem altamente sofisticados, fotografo de maneira diferente: a minha fotografia é mais pensada, mais calculada; feita a pensar nos resultados da pós-produção. Sem querer, posso estar a cortar as asas à minha criatividade fotográfica, trocando-a por uma qualidade de imagem que pode ser ilusória.
De facto, quando abro a 100% as fotografias retocadas, descubro sempre que estas não podem ser impressas: há sempre anomalias. Halos à volta dos objectos, resultantes da aplicação do unsharp mask, incorrecções tonais que são impossíveis de corrigir satisfatoriamente, perdas de resolução em resultado da redução do ruído e artefactos digitais criados pela mesma redução. Entre outras. Sou daqueles que entendem que uma fotografia apenas atinge a sua glória quando é impressa; que sentido faz obter imagens que não posso imprimir, porque a impressão exporia deficiências que não são aparentes no formato JPEG?
Contudo, é inegável que o Lightroom e o Pro 7 são superiores ao Olympus Viewer 2 que descarreguei gratuitamente em Julho do ano passado. Especialmente ao tratar ficheiros RAW, mas também a corrigir JPEGs. O Pro 7, em particular, faz maravilhas com imagens que julgava quase perfeitas. Usar estes programas teve o benefício de me abrir os olhos para alguns erros que cometia quando fotografava; um deles era a minha tendência para a sub-exposição. Não há nada de errado numa fotografia com boa luminosidade, desde que esta não torne os objectos baços e as cores planas. Nem sempre as imagens melhoram por serem muito contrastadas.
Resolvi, deste modo, repensar a minha fotografia por completo, devolvendo-a aos meus conceitos originais antes que me torne em mais um pixelpeeper. Quero que o meu conceito de resolução consista na percepção do pormenor que vejo na fotografia, e não no número de megabytes; quero saber que a exposição está correcta porque é assim que a vejo, e não por causa das curvas do histograma. E, sobretudo, não quero gastar mais tempo a processar imagens do que a fotografar. Tenho uma belíssima câmara para fotografar JPEGs, que revela limitações quando fotografo RAW; para quê, então, usar este formato? O acréscimo de resolução não justifica a maçada: não há muita diferença entre os 3,5 MB que são a média da resolução dos JPEGs e os 4/4,5 MB que estimo serem a resolução média dos ficheiros obtidos a partir do RAW. E, sobretudo, não vejo por que devo insistir em produzir imagens que mostram deficiências quando ampliadas, tornando impensável a sua impressão.
O vencedor é... a simplicidade. O JPEG com um tratamento básico, para o qual o Viewer 2 é mais que suficiente. Esta simplicidade manteve-me satisfeito durante os meses que precederam estas experiências; não me parece sensato mudar em nome de uma evolução que tem mais de ilusória do que de real. Ken Tanaka tinha, afinal, razão.
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