segunda-feira, 21 de maio de 2012

HDR

Toda a gente lhe chama HDR, mas o seu nome verdadeiro é HDRI (High Dynamic Range Image). Como quer que lhe chamemos, esta é uma técnica extremamente interessante, embora admita que muitos fotógrafos sintam alguma antipatia por ela à custa dos abusos que se podem ver na Internet; quando bem aplicada, com conta e medida, esta técnica produz resultados fantásticos.
Uma imagem HDR é feita de uma maneira equivalente ao dodging and burning da fotografia analógica, usada para trazer as altas luzes e as sombras para a imagem. O HDR segue o mesmo princípio, com a vantagem de não se ter de mergulhar as mãos em soluções, inalar químicos ou usar cartões perfurados para induzir altas luzes e máscaras para preservar as sombras. Na era digital é tudo feito no computador. Fazem-se três fotografias do mesmo objecto, todas em formato RAW e sem alterar a distância e o plano focal, para que a imagem seja a mesma; a primeira é feita subtraindo 2 EV à exposição, a segunda com a exposição correcta e a última com 2 EV a mais. No programa de edição justapõem-se as três imagens. O resultado, com um pouco de sorte, será uma imagem final com todas as sombras e altas luzes. Deste modo é possível obter imagens extremamente bonitas - desde que, como o disse, não se abuse deste efeito -, em que se ampliam os extremos da gama dinâmica. Esta técnica produz imagens de tal maneira ricas e cheias de pormenor que podem levar, em muitos casos, a questionar a necessidade de usar filtros, nomeadamente os polarizadores.
Imagem processada com o Olympus Viewer 2
A mesma imagem com o DxO Optics Pro 7, usando o HDR automático e o local contrast
O DxO Optics Pro 7, que ainda poderei usar gratuitamente por mais alguns dias, tem uma função que permite obter uma imagem muito semelhante às HDRI apenas com uma fotografia, convertendo automaticamente o ficheiro RAW numa HDRI. Não é uma imagem HDR verdadeira, mas fica muito próxima - e ainda mais se for utilizada uma ferramenta extremamente interessante na edição da imagem, ferramenta essa denominada local contrast (contraste local). Os resultados do uso do local contrast são fascinantes, e ajudam a conferir à imagem as características de pormenor e contraste das imagens HDR.
Esta função do Pro 7 leva-me a lamentar mais uma vez as falhas e omissões deste programa, porque este pseudo-HDR realça a imagem de uma forma absolutamente soberba: pormenores que estavam escondidos pelas sombras, e de cuja existência nem se suspeitava, são mostrados com uma claridade fascinante. Os contrastes ganham uma nitidez em tudo semelhante a uma boa fotografia HDR, e os pormenores ocultados pelas altas luzes surgem perfeitamente evidenciados na imagem. Os resultados aproximam-se assustadoramente da magia!
Contudo, este não é um verdadeiro HDR. Será, quando muito, um HDR no qual não foi usada a imagem subexposta, porque a imagem automaticamente obtida não é lá muito rica em sombras. Fica até, as mais das vezes, com demasiada claridade nas altas luzes, mas é possível obter um efeito muito semelhante ao HDR usando as ferramentas de raio das sombras, ajuste dos pretos e, sobretudo, o local contrast. Compete ao utilizador decidir até que ponto quer usar as sombras, já que a sua redução ou aumento tem implicações na quantidade de ruído presente na imagem. Já o local contrast é quase mágico na maneira como realça os contrastes mais subtis. Reparem na diferença da poça de água nas imagens acima, tratada com o Viewer 2 e com o Pro 7: normalmente o tipo de contraste aparente nesta última, em que se vê o fundo da poça e os reflexos na água com uma  nitidez incrível, só se obtém com um filtro polarizador. E que dizer da quantidade de pormenor que se tornou visível com o efeito HDR?
Impressionante, não é? Devo dizer, contudo, que os resultados obtidos com o HDR são ainda melhores - mas o Pro 7 é um HDR para preguiçosos. Ou para quem não tem o Photoshop CS.

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