O meu texto sobre o Carlos Machado, publicado anteontem, e o de hoje sobre os testes DxOMark, carecem de alguns desenvolvimentos que, por as postagens terem sido escritas ao correr da pena, ficaram de fora. Aqui vão.
Quanto ao primeiro texto, o Carlos Machado agradeceu-mo (via Facebook), tendo embora ressalvado que lhe parecia algo exagerado. Aceito que o texto poderá, numa leitura apressada, parecer algo excessivo nos elogios, mas a verdade é que vivemos num país onde, infelizmente, é mais fácil insultar e criticar do que elogiar. Aqui em Portugal, o elogio é visto como algo estranho e tende a ser interpretado como alguma forma de lisonja, ou talvez mesmo de bajulação. Ora, eu não sigo esta tendência: entendo que o mérito deve ser reconhecido e aplaudido. Contudo, se tiver de criticar (desde que me pareça haver justificação para o fazer), também critico. E, por vezes, de forma corrosiva, como quem leu o meu texto sobre a Pentax KO 1 sabe. Ora, parece-me evidente que o Carlos Machado não está no mesmo patamar que um Koudelka ou um João Silva (nem o contrário pode ser inferido do meu texto), mas a verdade é que ele publicou uma fotografia na sua página do Facebook, feita durante um funeral de pescadores na Póvoa de Varzim, que é - sem lisonja ou exagero - das melhores fotografias que alguma vez vi. E eu já vi fotografias dos melhores entre os melhores. Foi esta fotografia, e a impressão que ela me causou, que me levou a escrever aquele texto. Como referi, o mérito merece ser estimulado e apoiado - mesmo correndo o risco de parecer excessivamente lisonjeiro -, especialmente num país onde as opiniões destrutivas são, por sistema, mais amplificadas que as positivas. Algo de muito errado se passa quando estamos mais bem preparados para enfrentar uma crítica ou responder a um insulto do que para aceitar um elogio.
Quanto ao comparativo da DxOMark, faltou referir que os testes de câmaras publicados neste website incidem sobre o desempenho do sensor. De fora ficam outros critérios que interessam à qualidade da imagem, como o processamento feito pelo software da câmara, o controlo da exposição ou a velocidade da focagem automática. Parece-me importante fazer este reparo, porque entendo que o sensor, embora importante, não é o único factor que contribui para a qualidade de uma câmara, mas aquele facto que não altera as conclusões que formulei com base na comparação entre a minha câmara e os modelos que lhe sucederam. Mesmo quanto à focagem automática, porquanto a actualização do firmware que levou a E-P1 para a versão 1.4 melhorou substancialmente o desempenho da câmara neste particular. Pelo que continuo a acreditar que a E-P1 é hoje uma câmara tão boa quanto o era em Abril de 2010, altura em que recebeu o firmware 1.4, e que a E-P3 não representa nenhum avanço, sendo a sua aquisição um desperdício de dinheiro dificilmente justificável. (Já o mesmo não poderei dizer quanto à OM-D E-M5, que parece estar num outro patamar.) O sentido daquele texto foi, essencialmente, o de alertar para o erro que é menosprezar um produto apenas porque este não é o mais recente, e reforçar a minha convicção de que nem sempre aquilo que nos é apresentado como uma evolução significa uma melhoria na qualidade.
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