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Foto: Digital Photography Review (www.dpreview.com) |
A Canon e a Nikon já não sabem que mais hão-de inventar para reanimar a sua gama de DSLRs: enquanto uma - Canon - consegue ser mais conservadora que qualquer dos candidatos a candidatos à presidência dos EUA do Partido Republicano, a outra decidiu entrar na guerra dos megapixéis.
A Canon lançou hoje, 2 de Março, a Canon EOS 5D Mark III. O seu sensor full frame tem 22 megapixéis, o que é substancialmente mais que os 18 MP da profissional 1D X. Há três semanas, a Nikon lançou a 800D, com a contagem a subir para 36 MP. Curiosamente, a Canon está a ser criticada, nos fóruns e comentários a artigos nos websites de fotografia, por ter aumentado apenas um ao número de megapixéis do sensor da 5D Mark II, enquanto muitos foristas e comentaristas criticam a Nikon por ter tantos megapixéis!
Em que ficamos? O número de megapixéis é importante, mas não se for excessivo. Pôr demasiados MP num sensor significa pixéis mais pequenos, o que diminui o desempenho com sensibilidades ISO elevadas e prejudica a resolução. Não é apenas o número de pixéis que conta na resolução do sensor: é, sobretudo a relação sinal-ruído, que se deteriora quando o número de pixéis aumenta sem que lhe corresponda um aumento da área do fotosensor. Recorrendo a um exemplo simplista: se metermos 50 bolas de ténis numa caixa de 1m quadrado, elas podem caber mais ou menos confortavelmente; se tentarmos meter 100, as bolas só caberão se forem comprimidas. Daí que os objectores do novo sensor da Nikon tenham razão por recear que o desempenho do novo sensor seja menos que óptimo, e que a Canon, embora querendo dar aos consumidores o que eles querem - mais megapixéis -, tenha sido tão cautelosa.
Já o ISO é outra guerra insensata, mas desta vez o duo conhecido pejorativamente por Canikon usa a mesma artilharia: a Canon 5D Mark III vai até aos 102 400. Eu escrevo por extenso, para o caso de pensarem que pus algum algarismo a mais: cento e dois mil e quatrocentos. Claro que, com uma sensibilidade destas, a imagem evoca furiosamente os pontilhados de Georges-Pierre Seurat, mas isto parece não importar muito para alguns potenciais consumidores.

A Canon, de resto, é também severamente fustigada pelos comentadores e foristas por - imaginem! - não ter um ecrã articulado, e por ter um microfone mono. Eu já não sei o que as pessoas querem de uma câmara, mas vou fazer um exercício de imaginação: a câmara ideal seria uma DSLR com sensor médio formato e resolução, digamos (numa estimativa por baixo) de 50 megapixéis; teria uma capacidade de disparo contínuo de 60 fotogramas por segundo, sensibilidade ISO máxima de 204 800, GPS, vídeo na mais alta especificação possível e em 3D, ecrã rotativo OLED touchscreen com 2 milhões ppi, gravação de som surround 7.1 e, eventualmente, uma saída para tostas mistas e torradas. E custaria €500,00 na FNAC, já equipada com uma lente 18-55mm/f3.5-5.6 (ninguém notaria a diferença...)
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