Onde se lê «Germany», devia ler-se «Portugal» |
A Leica - refiro-me aqui à série M, e não às Panasonic rebaptizadas, como as D-Lux - é aquela câmara a que todos os fotógrafos aspiram, profissionais ou amadores. Não é a melhor câmara em termos de desempenho, não é a mais prática, não é a mais bonita, nem é barata - mas é a única com que é legítimo sonhar. Sonhar com uma Canon 1D é ridículo: aquilo é um instrumento de trabalho, uma coisa com o mesmo apelo estético e desejabilidade de uma alfaia agrícola. E ninguém deseja nem sonha com alfaias agrícolas. A Leica é, acima de tudo, a portadora de uma longa tradição: ela perpetua a estirpe das rangefinders, das câmaras usadas, ao longo das décadas, pelos fotógrafos mais ilustres de entre todos, desde Henri Cartier-Bresson até Josef Koudelka, passando por Garry Winogrand e pelo nosso Gérard Castello Lopes. Foi esta a marca que deu ao mundo o formato 35mm, inventado pelo pioneiro Oskar Barnack e ao qual ainda hoje a fotografia digital presta tributo, construindo sensores com a mesma área. E é, acima de tudo, uma câmara construída de acordo com os padrões mais exigentes de precisão. Uma câmara com uma qualidade irrepreensível, concebida para sobreviver a várias gerações. Que ela seja montada no nosso país devia ser um motivo de orgulho para todos nós. Afinal de contas, se há quem confie nas qualidades dos portugueses e lhes confie engenharia de alta precisão, algum mérito há de nos caber. Talvez não sejamos o povo improdutivo que nos querem fazer acreditar que somos para nos roubar os poucos direitos que ainda temos.
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