domingo, 18 de dezembro de 2011

O macro tornado simples


1. Introdução

Afinal, talvez a medição pontual e a calibragem do equilíbrio dos brancos não tenham sido as lições mais importantes do workshop do Instituto Português de Fotografia que frequentei; é bem possível que o ensinamento mais importante tenha sido um truque básico e extremamente rudimentar, mas que me abriu os olhos para um tipo de fotografia cujas possibilidades são imensas. O truque é simples, mas requer algum cuidado: 1) desmonta-se a lente; 2) monta-se a lente ao contrário, i. e. com a baioneta voltada para o exterior; 3) segura-se a lente com a maior firmeza possível; 4) dispara-se. Com este truque, consegue-se tirar fotografias macro sem a despesa de uma lente especial ou de tubos extensores. Claro que não é bem a mesma coisa, mas é possível obter resultados interessantes. A ampliação é extrema - eu usei, nesta minha primeira experiência, a OM de 50mm - e o resultado não é muito diferente do obtido com material específico para macrofotografia.

2. Precauções

Como referi, isto requer algum cuidado. Antes de mais, é necessário segurar a lente com muita firmeza, sem contudo danificá-la por usar força excessiva. É necessário também que a inversão da lente seja feita com extrema rapidez, de maneira a que o sensor seja exposto à luz pelo menor tempo possível. É algo que só devemos fazer se tivermos a certeza absoluta que não vai sair asneira - como deixar a lente cair, roçar o vidro no corpo da câmara ou deixar espaço entre a lente e o sensor.
Por outro lado, o manuseamento dos comandos da câmara pode tornar-se extremamente difícil, uma vez que a mão esquerda está mais ocupada em manter a lente no lugar do que em segurar a câmara, tarefa que é deixada à mão direita. Pode ser complicado regular a velocidade do disparo e premir o botão do obturador. Não será má ideia usar um tripé.

3. Focagem
Neste modo artesanal de fazer macro a focagem é feita aproximando ou afastando a lente do objecto. Não se aplicam a focagem automática, nem a focagem manual. A nitidez depende inteiramente da distância da lente em relação ao objecto, o que pode precludir o uso do tripé (a despeito da utilidade que este teria para se poder manusear os comandos da câmara).



4. Conclusões

Embora as amostras que aqui deixo sejam de qualidade discutível, elas prenunciam o que pode ser obtido na fotografia macro. É necessário ter em conta que se trata de ampliações entre 3x e 4x dos motivos escolhidos, e de imagens tiradas sem grande estabilidade, pelo que a perda de nitidez se deve mais a arrastamento do que a desfocagem. Há duas semanas passei pela loja do Porto onde comprei as minhas lentes OM, e o dono mostrou-me anéis macro da defunta Vivitar, concebidos para a série OM. Os resultados pareceram-me promissores, mas os motivos - letras impressas num jornal e a unha de um cliente da loja! - não eram particularmente interessantes. A experiência de hoje, porém, foi como a revelação de um mundo novo e inexplorado - o do infinitamente pequeno. O macro é uma das experiências fotográficas mais interessantes que pode existir. Pode-se fotografar motivos minúsculos com uma ampliação muito para além da que os olhos permitem, mas também motivos de um enorme grau de abstracção. O macro é fascinante!

Sem comentários: