Em Setembro dominava já a técnica da focagem manual - o que não é lá muito difícil, pois toda a gente o fazia antes da invenção da focagem automática... -, mas a OM 28mm não me dava algo que eu procurava desesperadamente - uma profundidade de campo reduzida. Com uma abertura máxima de f3.5 e uma distância focal equivalente de 56mm, era impossível esperar aqueles fundos totalmente esbatidos que me esforçava por obter. Foi então que resolvi aceitar a proposta de comprar a OM 50mm/f1.4.
Foi uma decisão bastante acertada. Fotografar com aberturas tão amplas é um verdadeiro prazer. Claro que, com 100mm de distância focal equivalente, esta não é uma lente para todas as ocasiões: na verdade, quando montada na E-P1 comporta-se como uma pequena teleobjectiva. E a profundidade de campo só se torna verdadeiramente reduzida quando aproximo a lente até muito perto do objecto a fotografar. Mas é uma lente com a qual dou por mim a inventar motivos para a usar - tal o gozo que fotografar wide open proporciona. Nunca apreciei fotografias de flores, mas depois de ter a OM 50mm e descobrir o que se pode fazer com aberturas tão amplas, a fotografia de flores passou a ocupar uma parte substancial do tempo que dedico à fotografia.
O facto de ter tanta satisfação em fotografar com a OM 50mm não implicou que me esquecesse das outras lentes, em especial da 28mm. E o facto de fotografar muitas flores não significou que deixasse de procurar outros temas. A OM 28mm tem a vantagem de fotografar os objectos sensivelmente na mesma proporção do olhar, o que a torna ideal quando quero fotografias mais documentais, i. e. mais reais e condizentes com aquilo que vejo. E eu vivo numa cidade com muito que ver. A Rua Miguel Bombarda, por exemplo: à custa da instalação das galerias de arte, aquela área tornou-se num nicho frequentado por pessoas de gostos sofisticados e levou ao desenvolvimento de um comércio imensamente fútil, mas ainda assim elegante e sofisticado. Com esta fotografia altamente iconoclástica, penso ter capturado este ambiente ligeiramente retro e underground que quase se sente na pele quando se percorre a zona das galerias de arte do Porto. Um ambiente no qual a E-P1 só é superada pelas Lomo...
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