Eu acredito no associativismo. Ele serve para dar às pessoas aquilo que o Estado cada vez mais se demite de prover, apesar dos imperativos constitucionais que o obrigam a tanto: arte, educação, desporto, lazer. Sem as associações, muitos ficariam privados destes bens que, por não terem uma natureza mercantil e serem vistos como uma despesa inútil pelos governantes preocupados em salvar bancos e angariar negócios para os amigos, são ostensivamente ignorados pelo Estado. Sou quase um militante do associativismo, depois de ter conhecido a faceta da abnegação e altruísmo de muitos dirigentes associativos - não todos, que ainda há dias me enviaram um e-mail a perguntar se um determinado clube desportivo podia remunerar os seus directores, mas muitos. Entendi - e ainda não houve nada que me fizesse mudar de opinião - que vale a pena apoiar e defender os que, sinceramente e sem outro fito que não seja o bem-estar dos associados, se dedicam a estas actividades - por vezes com sacrifício dos seus prazeres simples e do seu tempo. Especialmente nestes tempos de constrangimento económico, em que os donos do dinheiro decidiram que era chegada a altura de reavê-lo e as associações sentem cada vez mais dificuldades em prosseguir os seus fins.
Quando o associativismo é objecto de um projecto fotográfico, não pode deixar de merecer o meu (redobrado) entusiasmo; foi por esta razão que apreciei tanto a exposição que está no Centro Português de Fotografia, Cultura Magra, com fotografias de Paulo Alegria feitas em algumas colectividades alentejanas. Recomendo vivamente: as fotografias, além de serem muito interessantes quanto à temática, são também belissimamente executadas. Nesta exposição podemos ver imagens de associações desportivas, de cultura e recreio, de bombeiros - abrangendo todas as actividades para as quais as colectividades estão inerentemente vocacionadas: o desporto amador, o teatro, a preservação de tradições populares. E outras mais. Não deixem de passar pelo Centro Português de Fotografia, que funciona no Porto, à Cordoaria, na antiga Cadeia da Relação. E, se é de equipamento que gostam, sugiro uma visita ao núcleo museológico.
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