O The Online Photographer, a que já me referi aqui, despertou-me de novo a atenção com um texto sobre uma capa da revista Intelligent Life, pertencente ao mesmo grupo editorial do The Economist. A fotografia dessa capa é de Cate Blanchett, uma atriz que fez algum furor nos finais dos anos 90 e início deste século e que agora é empresária teatral. Cate Blanchett tem agora 41 anos, o que não significa que não seja uma mulher belíssima. O que levou o The Online Photographer e o ISO 100 (este último um blogue português quase confidencial) a interessar-se pela capa não é tanto a carreira de Cate Blanchett, mas o facto de a fotografia ter sido feita sem pós-produção, i. e. sem recurso ao Photoshop.
A fotografia é, evidentemente, de enorme qualidade, feita com uma teleobjetiva que estreita a profundidade de campo, mas não é isto que importa. O interessante é que a imagem de Cate Blanchett é de um realismo extremo. Não foi feito qualquer esforço para retirar rugas, alterar a aparência da pele ou do cabelo ou por qualquer forma «melhorar» a aparência de Cate Blanchett. Antes de mais, tal seria um exercício fútil, já que ela é uma mulher extremamente bonita. Depois, porque manipular a imagem seria roubar realidade à fotografia; seria adulterar a verdade e iria colidir com o objetivo do artigo publicado, que não é sobre Cate Blanchett enquanto atriz, mas na sua qualidade de empresária teatral. Por outras palavras, era a mulher, e não a atriz, que constituía o tema da reportagem. E uma fotografia inteiramente realista serviria muito melhor esse propósito, que pode ser resumido com a palavra naturalidade, do que uma outra trabalhada com o Photoshop.
Há muito que decidi não usar o Photoshop. A despeito de, ultimamente, ter vindo a usar técnicas como o arrastamento, que alteram o aspeto do objeto fotografado - não há mares leitosos nem carrosséis supersónicos -, o trabalho que faço quando me dedico a estas fotografias é anterior ao disparo do obturador, e não posterior. É, deste modo, parte integrante da fotografia. Implica o controlo da exposição e um conhecimento, ainda que imperfeito, da técnica fotográfica. O Photoshop, esse, já não tem que ver com este iter fotográfico: é posterior, integrando o conceito de tratamento (ou edição) da imagem. No meu ver, já não tem que ver com a fotografia, mas com artes gráficas. O seu uso é legítimo - não o nego -, mas já não faz parte da fotografia porque, como já disse, é posterior à recolha da imagem.
O Photoshop traz consigo um vício, que é o de levar a pensar que a técnica fotográfica não é importante porque a fotografia pode ser tratada num momento posterior; uma fotografia má ou sofrível seria irrelevante, uma vez que pode ser convertida numa grande fotografia na pós-produção. Este conceito é errado, e leva a que o fotógrafo prescinda do domínio da técnica, o que nega a própria necessidade de câmaras que permitam controlar a exposição e também a de conhecer as funções da câmara. Bastaria fotografar com qualquer coisa (por exemplo um telemóvel), e qualquer problema da imagem recolhida seria melhorado posteriormente.
É por estes motivos que rejeito o Photoshop, apesar de já ter recebido ofertas para o instalar gratuitamente no meu computador. Não é o preço (ou a gratuitidade) que me faz recusá-lo: é o facto de não o considerar parte da fotografia. O que eu quero é dominar a técnica fotográfica para fazer boas fotografias, e não transformar fotografias sofríveis em grandes fotografias através da edição. Sei muito bem que isto pode parecer quixotesco, e que qualquer fotógrafo profissional usa o Photoshop, mas enquanto não dominar a técnica fotográfica não quero pós-produzir as minhas fotografias. É certo que as retoco com software próprio (Olympus Viewer, v. 1.3), uma vez que todas as imagens, tal como são descarregadas da câmara, têm deficiências de brilho e contraste, mas nunca as transformo, seja por adição ou por subtração, em algo que não estava lá quando fiz a fotografia. E tenho conseguido bons resultados, a despeito de por vezes me apetecer retirar elementos de poluição visual (um dia hei-de escrever sobre isto, que inclui cabos elétricos, ramos, automóveis, etc.) processando a imagem, mas eu gosto de fotografar o que vejo - mesmo que de uma maneira que nem sempre é aquela que se oferece à perceção imediata. Se um elemento poluidor é impeditivo da qualidade da imagem, prefiro não fotografar.
E, por vezes, sinto que atinjo resultados que dispensam qualquer pós-produção - como a fotografia acima, que apenas recebeu alguma acentuação do contraste e uma ligeira diminuição do brilho. Não vou dizer que nunca usarei o Photoshop: apenas digo que, nesta minha fase de aprendizagem, o seu uso seria um elemento perturbador. De resto, a minha profissão implica passar as horas de trabalho defronte a um computador; a fotografia permite-me escapar à tirania do monitor e do teclado, o Photoshop implicaria ainda mais tempo à frente do computador.
A fotografia é, evidentemente, de enorme qualidade, feita com uma teleobjetiva que estreita a profundidade de campo, mas não é isto que importa. O interessante é que a imagem de Cate Blanchett é de um realismo extremo. Não foi feito qualquer esforço para retirar rugas, alterar a aparência da pele ou do cabelo ou por qualquer forma «melhorar» a aparência de Cate Blanchett. Antes de mais, tal seria um exercício fútil, já que ela é uma mulher extremamente bonita. Depois, porque manipular a imagem seria roubar realidade à fotografia; seria adulterar a verdade e iria colidir com o objetivo do artigo publicado, que não é sobre Cate Blanchett enquanto atriz, mas na sua qualidade de empresária teatral. Por outras palavras, era a mulher, e não a atriz, que constituía o tema da reportagem. E uma fotografia inteiramente realista serviria muito melhor esse propósito, que pode ser resumido com a palavra naturalidade, do que uma outra trabalhada com o Photoshop.
Há muito que decidi não usar o Photoshop. A despeito de, ultimamente, ter vindo a usar técnicas como o arrastamento, que alteram o aspeto do objeto fotografado - não há mares leitosos nem carrosséis supersónicos -, o trabalho que faço quando me dedico a estas fotografias é anterior ao disparo do obturador, e não posterior. É, deste modo, parte integrante da fotografia. Implica o controlo da exposição e um conhecimento, ainda que imperfeito, da técnica fotográfica. O Photoshop, esse, já não tem que ver com este iter fotográfico: é posterior, integrando o conceito de tratamento (ou edição) da imagem. No meu ver, já não tem que ver com a fotografia, mas com artes gráficas. O seu uso é legítimo - não o nego -, mas já não faz parte da fotografia porque, como já disse, é posterior à recolha da imagem.
O Photoshop traz consigo um vício, que é o de levar a pensar que a técnica fotográfica não é importante porque a fotografia pode ser tratada num momento posterior; uma fotografia má ou sofrível seria irrelevante, uma vez que pode ser convertida numa grande fotografia na pós-produção. Este conceito é errado, e leva a que o fotógrafo prescinda do domínio da técnica, o que nega a própria necessidade de câmaras que permitam controlar a exposição e também a de conhecer as funções da câmara. Bastaria fotografar com qualquer coisa (por exemplo um telemóvel), e qualquer problema da imagem recolhida seria melhorado posteriormente.
É por estes motivos que rejeito o Photoshop, apesar de já ter recebido ofertas para o instalar gratuitamente no meu computador. Não é o preço (ou a gratuitidade) que me faz recusá-lo: é o facto de não o considerar parte da fotografia. O que eu quero é dominar a técnica fotográfica para fazer boas fotografias, e não transformar fotografias sofríveis em grandes fotografias através da edição. Sei muito bem que isto pode parecer quixotesco, e que qualquer fotógrafo profissional usa o Photoshop, mas enquanto não dominar a técnica fotográfica não quero pós-produzir as minhas fotografias. É certo que as retoco com software próprio (Olympus Viewer, v. 1.3), uma vez que todas as imagens, tal como são descarregadas da câmara, têm deficiências de brilho e contraste, mas nunca as transformo, seja por adição ou por subtração, em algo que não estava lá quando fiz a fotografia. E tenho conseguido bons resultados, a despeito de por vezes me apetecer retirar elementos de poluição visual (um dia hei-de escrever sobre isto, que inclui cabos elétricos, ramos, automóveis, etc.) processando a imagem, mas eu gosto de fotografar o que vejo - mesmo que de uma maneira que nem sempre é aquela que se oferece à perceção imediata. Se um elemento poluidor é impeditivo da qualidade da imagem, prefiro não fotografar.
E, por vezes, sinto que atinjo resultados que dispensam qualquer pós-produção - como a fotografia acima, que apenas recebeu alguma acentuação do contraste e uma ligeira diminuição do brilho. Não vou dizer que nunca usarei o Photoshop: apenas digo que, nesta minha fase de aprendizagem, o seu uso seria um elemento perturbador. De resto, a minha profissão implica passar as horas de trabalho defronte a um computador; a fotografia permite-me escapar à tirania do monitor e do teclado, o Photoshop implicaria ainda mais tempo à frente do computador.
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