Não vou mentir: a Olympus não é uma marca com que tenha grande familiaridade. Ao contrário da Minolta, por exemplo, já que um dos meus tios foi vendedor da representante da Minolta para Portugal, que importava também material da FujiFilm. O meu pai tinha uma Minolta 7S, que estou a pensar restaurar, pelo que as minhas recordações de fotografia não passam pela Olympus. O meu primeiro contacto com esta marca aconteceu em 1978 ou 1979, quando a Olympus patrocinou a Lotus na Fórmula 1 (o que me levou a uma impressão favorável, já que era, nessa altura, um taradinho pela F1...). A marca que está mais perto do meu coração é a Minolta, que já não existe: foi adquirida pela Sony, cujas câmaras nada me dizem. Como, aliás, qualquer dos seus produtos.
O que me agrada, na Olympus, é o seu carácter, digamos, afectivo: é uma marca que cria vínculos fortes com quem teve as suas lentes e câmaras. Conheço algumas pessoas que se referem às suas velhas Olympus com genuína veneração; falam-me das suas OM e das Trip 35 com um sorriso enorme e olhos refulgentes de orgulho, o que não acontece com outras marcas. Neste aspecto lembra-me a Citroën dos anos 60 e 70, a propósito da qual os franceses diziam: On n'achéte pas une Citroën, on l'épouse. Quanto às lentes Zuiko, elas são referenciadas, pelos entendidos, entre as melhores do mundo - em especial as da série OM, das quais sou o vaidoso proprietário de um exemplar.
Com o Micro 4/3 a história não difere muito. Apesar de compreender o que a Olympus está a fazer - câmaras pequenas com uma qualidade de imagem superior são uma dádiva para quem quer fazer fotografias de qualidade sem o volume e o peso de uma DSLR -, o mercado entende as câmaras deste formato como simples compactas com o gadget das lentes intermutáveis, o que a Panasonic parece estar a aproveitar melhor do que a Olympus. Este ano foram lançadas três câmaras idênticas em especificações e com pouca variação no tamanho: a E-P3, a Pen Lite e a Pen Mini. As duas últimas são produtos que concorrem entre si, sem que se veja muito bem por que alguém há-de comprar um modelo em detrimento de outro. Mais um erro. E a aventura Micro 4/3 pode tornar-se desastrosa para a Olympus, que aceitou ficar com as sobras dos sensores da Panasonic para as suas câmaras em troca da cedência do seu imenso know-how.
Tudo isto leva os analistas a questionar o futuro da Olympus. Há rumores - embora não muito consistentes - de que a Panasonic pode adquirir a Olympus. Se isto acontecer, é possível que a Panasonic faça o que a Sony fez à Minolta. O que seria um fim lamentável: uma companhia especialista em óptica com quase cem anos comprada por uma marca de aspiradores!
Tudo isto leva os analistas a questionar o futuro da Olympus. Há rumores - embora não muito consistentes - de que a Panasonic pode adquirir a Olympus. Se isto acontecer, é possível que a Panasonic faça o que a Sony fez à Minolta. O que seria um fim lamentável: uma companhia especialista em óptica com quase cem anos comprada por uma marca de aspiradores!
Sem comentários:
Enviar um comentário